As conexões do empresário do ramo de transportes Jacob Barata Filho - preso em operação da Polícia Federal - com a política e o Judiciário podem ser simbolizadas pelos convidados que dividiram uma das mesas da tumultuada e luxuosa festa de casamento de sua filha, Beatriz, há quatro anos. No hotel Copacabana Palace, estavam o senador e hoje presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati (PSDB-CE), e sua mulher Renata; o ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Cesar Asfor Rocha; e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, com a mulher Guiomar Feitosa de Albuquerque Lima Mendes, que fez carreira no Ministério da Justiça e em tribunais superiores. Tia do noivo, Francisco Feitosa Filho, Guiomar formou, com Gilmar, um dos casais de padrinhos na cerimônia que selou a união das famílias Barata e Feitosa, que dominam o setor de transportes no Rio de Janeiro e no Ceará. Considerada uma das mulheres mais poderosas de Brasília - depois do serviço público passou a atuar na banca do advogado Sérgio Bermudes - Guiomar é irmã do ex-deputado federal Chiquinho Feitosa, dono do Grupo Vega, que tem linhas de ônibus urbanas, intermunicipais e interestaduais em vários Estados - entre eles São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Pernambuco e Paraíba – além de Portugal. Antes do casamento, as famílias já haviam se juntado por meio de negócio em comum. Em 2008, o patriarca Jacob Barata, “rei dos ônibus” no Rio, fundou com Chiquinho Feitosa, em Fortaleza, uma administradora de cartões, denominada Mandacaru, que vende créditos de vale-transporte. A operadora teve seu controle dividido entre outras empresas de ônibus da capital cearense e o Grupo Guanabara, da família Barata. À exceção de Gilmar Mendes, os expoentes políticos e do Judiciário presentes ao casamento de Bia e Chiquinho tinham origem no Estado nordestino. Tasso foi ex-governador e Cesar Asfor Rocha fez carreira no Ceará até ser nomeado para o STJ pelo ex-presidente Fernando Collor, em 1992.
A cerimônia, em julho de 2013, foi alvo de protestos tanto em frente à igreja do Carmo, no Centro, quanto na festa na zona sul, onde a polícia reprimiu cerca de 150 manifestantes. O grupo vaiou os noivos e os convidados, num rechaço aos negócios suspeitos da família Barata com o poder público que agora encontram evidências de acordo com as investigações do Ministério Público Federal. O ex-governador Sergio Cabral teria recebido R$ 122 milhões de propina em troca de benefícios, como aumento da tarifa de ônibus bem acima da inflação. No escracho em frente ao Copacabana Palace, uma manifestante vestida de noiva distribuiu baratas de plástico para quem chegava à festa. Em reação, convidados lanççaram aviõezinhos feitos com notas de R$ 20 e jogaram até um cinzeiro, que feriu um estudante que participava do protesto.
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