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sábado, 29 de julho de 2017

"ÉPOCA" PUBLICA PLANILHAS E NOTAS DE PROPINA DA JBS A POLÍTICOS.

Documentos são que delatores da JBS vão entregar a PGR, como prova da propina. Entre 2006 e 2017, os valores teriam passado de R$ 1 bilhão.

A Revista Época desta semana publicou algumas das provas que os delatores da JBS vão entregar à Procuradoria-Geral da República, que comprovariam, segundo eles, o pagamento de propina a políticos de vários partidos, entre 2006 e 2017. Entre eles, o presidente Michel Temer, os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, e o então candidato do PSDB à presidência, em 2010, José Serra.
A Revista Época teve acesso à contabilidade da JBS. E revelou planilhas de propina com os pagamentos para campanhas eleitorais em quase dez anos. Segundo a revista, comprovantes bancários, notas fiscais frias, contratos fraudulentos e depósitos em contas secretas no exterior são as provas dos pagamentos ilícitos a políticos.
Época diz ainda que de 2006 a 2017, a contabilidade da propina paga pela JBS e outras empresas dos irmãos Batista a políticos ultrapassa o valor de R$ 1,1 bilhão.
Desse valor, segundo a reportagem, R$ 301 milhões foram repassados em dinheiro vivo, R$ 395 milhões por meio de empresas indicadas pelos políticos e R$ 427,4 milhões em doações oficiais de campanha.
A reportagem dividiu os pagamentos por núcleos: o núcleo Michel Temer, por exemplo, teria recebido ao todo: R$ 21,7 milhões. Dinheiro distribuído para aliados políticos e amigos em campanhas eleitorais ou fora delas, desse valor, R$ 1 milhão foi repassado em dinheiro vivo ao coronel João Batista Lima, amigo de Temer, a pedido do então vice-presidente, conforme relato do delator Ricardo Saud da JBS.
“O Temer me deu um papelzinho e falou: "olha Ricardo, tem 1 milhão que eu quero que você entregue em dinheiro nesse endereço aqui". Me deu o endereço. Na porta do escritório dele, na calçada, só eu e ele na rua, na Praça Pan-Americana. Eu peguei e mandei o Florisvaldo lá, falei: "vai lá saber o que que é isso"”, diz o delator.
A reportagem mostra uma nota fiscal, emitida pela empresa do publicitário Elsinho Mouco, que registra serviços de planejamento estratégico de comunicação. Essa nota seria fria e teria sido usada para justificar a entrega de R$ 1 milhão para Michel Temer, segundo delatores. Elsinho é até hoje o publicitário de Temer.
Cinco ministros do governo Temer receberam R$ 46,7 milhões, segundo a JBS. Para o núcleo do chamado Centrão, foram R$ 138 milhões, usados nas campanhas eleitorais de 2010 e 2014 para comprar partidos, que hoje defendem Temer no Congresso, segundo a JBS.
Para o PMDB do Senado, foram R$ 29,1 milhões, divididos por cinco senadores da cúpula do partido. Um deles seria o atual presidente do senado, Eunicio Oliveira. A reportagem mostra uma nota fiscal que seria fria de uma empresa de Salvador, que, segundo delatores, teria sido usada no repasse do dinheiro a Eunício.
Para o PMDB da Câmara, foram R$ 55,5 milhões. Para o núcleo do PT, de acordo com a contabilidade da JBS, foram repassados US$ 151 milhões no exterior e R$ 111,7 milhões no Brasil, esse dinheiro foi propina paga em troca de financiamentos à empresa, obtidos no BNDES.
A reportagem traz trechos dos extratos de duas contas no exterior que teriam sido usadas, segundo a JBS, para depositar a propina do PT, durante os governos de Lula e de Dilma Rousseff. Esse dinheiro teria sido usado na campanha à reeleição de Dilma em 2014.
A revista também revela repasses feitos a pedido do ex-ministro petista Antonio Palocci. Na contabilidade da JBS, há registro de dez depósitos de US$ 100 mil, cada, na conta de um banco nos Estados Unidos, cujo beneficiário é o pastor Samuel Ferreira. De acordo com os registros da JBS, o dinheiro saia de uma conta da empresa a pedido de Palocci. A ligação entre Palocci e o pastor Samuel Ferreira ainda terá que ser investigada.
Para o PSDB, foram repassados R$ 42,2 milhões, nas campanhas de 2010 e 2014, de acordo com a planilha da JBS.
A reportagem mostra ainda um recibo da empresa LRC Eventos, indicada pela campanha de José Serra, que teria sido usado para dar fachada de legalidade à uma doação ao tucano em 2010, segundo delatores.
Para ter controle sobre todos esses pagamentos, a JBS não criou um departamento de propina, como a Odebrecht. Poucos funcionários centralizavam esses repasses de dinheiro, que eram feitos de diferentes maneiras. Eles também fizeram acordo de delação premiada e deram detalhes desse esquema criado para corromper políticos.
Um deles era Florisvaldo de Oliveira. Outro era Demilton de Castro.
Pergunta: O senhor criou essa planilha e como é que ela era organizada. Ela é uma planilha organizada, ela tem os dados lá, que dados ela tem, ela tem data, nome das pessoas...
Demilton de Castro: Ela tem data, nome das pessoas, alguns casos têm remessa em dinheiro, que aí não vai ter nome, né...
Todo esse material será entregue à Procuradoria-Geral da República nas próximas semanas, para complementar as delações da JBS.
O senador Eunício Oliveira afirmou que o relato feito pela revista não condiz com a verdade, que desconhece as empresas citadas, e que a JBS contribuiu de maneira legal para a campanha dele ao governo do Ceará.
A defesa de Antonio Palocci informou que vai se manifestar no processo.
A ex-presidente Dilma Rousseff disse que as afirmações dos delatores da JBS são improcedentes e inverídicas.
A assessoria do ex-presidente Lula afirmou que ele nunca foi beneficiário de contas ocultas e que as reproduções dos extratos divulgadas pela revista são parte de uma grosseira farsa contra o ex-presidente. Disse também que as denúncias partem de um réu confesso, que recebeu perdão judicial em troca de fazer falsas acusações que não pode provar.
O advogado de Samuel Ferreira afirmou que o pastor recebe inúmeras doações de forma legal e que ele não conhece Antônio Palocci.
O PSDB não quis se manifestar e disse que aguarda mais informações sobre a delação.
O PT afirmou que todas as doações recebidas foram legais e aprovadas pela justiça eleitoral.
O Jornal Nacional não conseguiu contato como o coronel João Batista Lima e com a empresa LRC e não teve resposta do PMDB.
O Jornal Nacional também não conseguiu contato com o senador José Serra. O tucano já afirmou no passado que todas as campanhas dele foram conduzidas dentro da lei.
Nós não conseguimos falar com Elsinho Mouco. Em nota à revista Época, o marqueteiro afirmou que Joesley Batista se dispôs voluntariamente a bancar os custos de proteção digital a Michel Temer e que tem documentação que comprova o trabalho.
Em nota, o presidente Michel Temer afirmou que a delação de Joesley Batista é fantasiosa, baseada em documentos forjados e fatos deturpados. O presidente disse ainda que o empresário e seus capangas reinventam o passado para incriminá-lo de forma torpe e injuriosa.

Fonte: Jornal Nacional - G1

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