Líder da oposição na Câmara acredita que as manifestações deste 2 de outubro são um passo a mais para a união não só da esquerda, mas de todos que querem o impeachment do presidente Jair Bolsonaro
Líder da oposição na Câmara, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) acredita que as manifestações deste 2 de outubro são um passo a mais para a união não só da esquerda, mas de todos os partidos e movimentos que pedem o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Mais do que isso, ele afirma que a esquerda tem trabalhado unida no Congresso e pode chegar a uma convergência para as eleições de 2022.
Em entrevista à Exame, Molon conta que os partidos da oposição não atuam apenas tentando barrar os projetos do governo, mas têm uma agenda própria para o país. "Nós não podemos apenas ser contra o que Bolsonaro propõe, é preciso apresentar claramente para o país o que nós defendemos", diz. No topo das prioridades, está a ideia de uma "retomada econômica verde", com geração de empregos e sustentabilidade andando juntas.
Veja os principais trechos da entrevista:
A união com o centro é possível nessa pauta?
Acredito que é possível uma união com o centro e, inclusive, com partidos e movimentos de centro-direita ou de direita comprometidos com a democracia. Acho que o único setor que não cabe neste momento, com o qual não podemos e não devemos contar, é com a ultradireita, aquela que não tem compromisso com a democracia, mas com Bolsonaro e seus arroubos. Acho que essas manifestações têm o potencial de unir todos os democratas, independente de sua coloração partidária ou de sua posição no espectro político-ideológico.
Recentemente houve a manifestação do MBL, também pedindo o impeachment de Bolsonaro, mas não reuniu muita gente da esquerda. Acha que a manifestação de 2 de outubro vai ser diferente?
Acho que essa vai dar mais gente, mas acredito que ainda seja uma etapa na acumulação de forças. Eu defendo que a gente tenha uma outra manifestação, em 15 de novembro, e que seja convocada por todos os movimentos e partidos que se colocam contra Bolsonaro e em defesa da democracia, para que seja ainda mais amplo do que esses, que nós já conseguimos ampliar bastante.
Unindo o maior número possível de movimentos, acha que aumenta a pressão no Congresso e tem chance de desengavetar um pedido de impeachment?
Acho que é um processo de acumulação de forças. Não acho que seja um único evento ou manifestação que vai desencadear o impeachment, mas a crescente pressão sobre o Congresso, a crescente mobilização da sociedade brasileira e a pressão das ruas tem, sim, o potencial de, em algum momento, fazer essa pauta destravar.
Tem muita gente que fala que a esquerda ainda está fragmentada. Isso é verdade, no seu ponto de vista?
A esquerda ainda tem hoje mais de uma candidatura à Presidência da República. Do ponto de vista eleitoral, de prognósticos eleitorais, ainda não há uma unidade plena da esquerda. Mas eu acho que isso é uma segunda etapa, é um segundo momento. Neste momento, a esquerda está unida, tanto na sua atuação no Congresso quanto na sua participação em atos como esses. As eleições estão muito distantes. Temos um ano para tentar sedimentar um caminho que nos unifique.
Será possível chegar a um consenso, lidar com as divergências, ou a esquerda vai ter que se dividir?
Eu espero que a gente consiga não apenas lidar com divergências, mas construir uma unidade cada vez mais sólida. Acho que a gente aprendeu muito de 2019 para cá e vem construindo uma unidade cada vez mais forte. Percebo isso claramente dentro da Câmara, onde sou líder da Oposição. Percebo atitude dos partidos todos de oposição muito unida, respeitosa e fraterna. Tenho esperança que isso transborde para as eleições de 2022.
O que ainda une a esquerda, além do impeachment?
Primeiro, a defesa ferrenha da democracia contra qualquer ataque autoritário, qualquer violação dos direitos fundamentais dos brasileiros, qualquer tentativa de destruir as instituições. Segundo, a luta contra os retrocessos que Bolsonaro tenta implementar nos campos econômico e social. Estamos contra o desmonte do ordenamento jurídico brasileiro na área ambiental, dos direitos dos trabalhadores, contra a tentativa de desmonte da máquina pública, que é essa PEC 32, esse desastre. E, por fim, um projeto de país.
Fonte: Exame
Foto: Agência Câmara
Nenhum comentário:
Postar um comentário
COMENTÁRIO SUJEITO A APROVAÇÃO DO MEDIADOR.