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domingo, 31 de outubro de 2021

RN TEM DOIS PMS AFASTADOS POR DIA DEVIDO A PROBLEMA DE SAÚDE MENTAL

Trocas de tiros com criminosos, medo de morrer e pressões hierárquicas. Esses são algumas das situações as quais policiais militares do Rio Grande do Norte e do Brasil convivem diariamente em suas jornadas de trabalho. 

Essas questões, aliada à falta de estrutura e efetivo, são pontos que, segundo agentes e especialistas, mexem com a saúde mental dos policiais militares, o que dificulta a vida dos guardas e, em alguns casos, leva ao afastamento temporário desses profissionais. Neste ano, até junho, 365 afastamentos temporários por incapacidade psiquiátrica foram concedidos pela Polícia Militar do RN. Em média, são 60 afastamentos por mês, o que corresponde a dois por dia.

De 2016 a 2020, 5.282 licenças por “incapacidade psiquiátrica” foram concedidas a PMs do Rio Grande do Norte, uma média de três afastamentos por dia. Nesse mesmo período, segundo dados do Anuário Brasileiro da Segurança Pública, 63 PMs foram assassinados no RN em confronto ou por lesão não natural fora de serviço. Em 2021, em dados até junho, foram 365 licenças, com média de 60 afastamentos por mês e dois casos por dia. A PMRN não possui médicos psiquiatras.

Os dados fazem parte de um pedido feito pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE via Lei de Acesso à Informação (Lei n° 12.527/2011) à Polícia Militar do Rio Grande do Norte. Segundo a PM, o ano com mais afastamentos por incapacidade psiquiátrica temporária na tropa foi em 2017, com 1.314 licenças, seguido de 2018 (1.232 licenças), 2019 (861 licenças), 2020 (930). Em 2021, até junho, foram 365 afastamentos temporários. “O prazo para os afastamentos depende dos atestados médicos e de sua homologação”, informa a PM.

Uma dessas licenças foi a de um cabo da Polícia Militar que preferiu não se identificar em conversa com a TRIBUNA DO NORTE. Em um policiamento na Ribeira, zona Leste de Natal, um grupo de criminosos trocou tiros com a Polícia Militar. O praça de 37 anos conta que um filme passou pela sua cabeça, principalmente pensando em sua filha, recém-nascida à época. Naquele momento de sua vida, ele também vivia problemas familiares em casa.

“Você começa a repensar coisas na vida, se realmente vale a pena. Tem a pressão das ruas, dos comandantes, que acabam não se importando muito com o bem-estar. Na cabeça deles, o militar é superior a tudo, que nada nos interfere, como se não tivéssemos sentimentos”, comenta.

O agente ficou afastado por três meses e chegou a ter uma série de problemas físicos e distúrbios, como dificuldades para dormir, escurecimento da vista, coração acelerado, ansiedade, falta de ar, entre outras questões. Foi a um psicólogo e a um psiquiatra, que lhe receitou remédios. Para ele, a principal dificuldade dos policiais militares é reconhecerem que precisam de ajuda. “A terapia mudou minha vida”, acrescenta, informando que já desmamou dos remédios.

Segundo o porta-voz da Polícia Militar no Rio Grande do Norte, Major Marcelo Litwak, os motivos para afastamentos são os mais diversos possíveis, desde um trauma na rua pós-confronto, desentendimentos pessoais,  entre outros, e que os distúrbios psiquiátricos são inerentes ao policial militar. O Major explica ainda que a licença é um direito dos agentes, assim como férias, licença paternidade, entre outras.

“Esse profissional tem seus direitos legais, como férias, licenças especiais, paternidade, médica, e de acordo com aquela situação ele vai se afastar. Não é só a psicológica propriamente dita. Existe toda essa rotina administrativa que nós como gestores temos que administrar diariamente”, disse.

“O impacto é da gestão, que temos que administrar o efetivo que nos resta dentro das áreas específicas de cada batalhão. Ocorrendo o afastamento psicológico, vai ser um pouco dificultoso? Vai. Mas cabe ao gestor da melhor forma possível continuar a proporcionar o melhor oferecimento do trabalho no campo da segurança pública”, finalizou o Major Litwak.

Matéria na íntegra AQUI

Fonte: Tribuna do Norte

Foto: Aléx Regis

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