Com o discurso de que "lobista é uma coisa, ladrão é outra", o novo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, toma posse na terça-feira disposto a fazer mudanças no quadro da pasta, recente alvo de "faxina" que resultou na saída do ministro Wagner Rossi. Após a primeira reunião com a presidenta Dilma Rousseff, ontem, Ribeiro disse que recebeu carta branca para mudar o que julgar necessário.
Mendes Ribeiro vai assumir o Ministério da Agricultura com discurso a favor do lobby e autonomia para fazer alterações nos cargos
"Eu pretendo imprimir o meu ritmo, colocar a minha equipe de trabalho. Vou fazer o que tiver de fazer", disse o ministro. "Eu estou fazendo um exame detalhado de todo o ministério com toda a cautela e vou fazer as mudanças necessárias", continuou. Ele deixou claro que haverá demissões. "Para mudar, vou ter de tirar alguém". Um dos nomes já escolhidos para integrar a nova equipe é Caio Rocha, ex-secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul durante o governo do peemedebista Germano Rigotto (2003-2007), para ocupar a assessoria especial do ministro.
Mendes Ribeiro marcou uma reunião com o ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, na segunda feira pela manhã para, segundo ele, ter conhecimento das investigações que estão sendo feitas na pasta. Ele disse que dará liberdade aos órgãos de controle para apurar supostas irregularidades. "Todos que quiserem fazer investigação e trabalhos ligados a qualquer tipo de controle, terão total liberdade no ministério", disse.
O ministro retomou a defesa da regulamentação do lobby como forma clara de identificar os setores de pressão. "Lobista é uma coisa, ladrão é outra", afirmou. Questionado especificamente sobre a atuação de Júlio Fróes, o ministro disse que iria se informar sobre ele no encontro com o ministro Hage, mas que se ele fosse ao ministério teria de se apresentar na portaria e se identificar como qualquer outra pessoa.
Segundo reportagem publicada pela revista Veja, Fróes teria participado de fraude em licitação no ministério e se dizia amigo do ministro Wagner Rossi e de Milton Ortolan, secretário-executivo da pasta que, assim como o ministro, pediu demissão.
Mendes Ribeiro descartou a extinção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), um dos focos de denúncias de corrupção. "A Conab tem uma função extremamente importante. Ela protege quem produz", afirmou. Na conversa com a presidenta Dilma, o novo ministro pediu para continuar ajudando o governo dentro do Legislativo.
'Faxina' nos cargos chega à Agricultura
Com a queda do ministro de Wagner Rossi, a faxina que vinha sendo feita por ordem da presidenta Dilma Rousseff no setor de transportes foi ampliada e chegou à Agricultura. O primeiro a cair foi Ricardo Saud, amigo pessoal de Rossi, que ocupava o cargo de diretor de Programa da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do ministério.
A demissão de Saud foi publicada ontem no Diário Oficial da União (DOU). Ele é tido como o principal elo entre Wagner Rossi e a empresa Ourofino, que tem contrato com o Ministério da Saúde para a fabricação de vacinas contra a febre aftosa, e que emprestava um jatinho para viagens do ex-ministro e de seus familiares. Rossi vinha enfrentando uma série de suspeitas em irregularidades, mas o principal motivo para sua saída foi o uso do jatinho, o que pode ter contrariado o Código de Ética dos Servidores Públicos.
Também ontem o Diário Oficial publicou a demissão de Nilton de Britto da Superintendência do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de Mato Grosso. Britto havia se afastado desde a crise que resultou na saída de Luiz Antonio Pagot da direção do Dnit, no mês passado. Mas sua demissão ocorreu somente agora.
Fonte: Agência Estado
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