Para conter a rebelião da base aliada na Câmara dos Deputados, mesmo sem um cronograma formal, o governo fez chegar aos líderes um novo pacote para empenho (autorização para pagamento futuro) e liberação de emendas de parlamentares ao Orçamento da União. Ofereceu de imediato o empenho de R$ 1 bilhão, com a promessa de chegar a R$ 5 bilhões até o final do ano. E mais o pagamento, ainda em agosto, de R$ 400 milhões de emendas que constam dos chamados restos a pagar (empenhadas em anos anteriores), sendo R$ 150 milhões esta semana e mais R$ 250 milhões na sequência.
PRESSÃO : Líder do PMDB cobra liberação de emendas
Com essas medidas, a soma de restos a pagar alcançará R$ 1,3 bilhão no início de setembro. Os líderes governistas receberam a informação de que a meta do Planalto é alcançar R$ 2,5 bilhões de liberação de restos a pagar até o fim do ano. Valor inferior aos R$ 4,6 bilhões que estão estocados, mas que, no momento de crise financeira internacional, pode acalmar a base. Mas o governo ainda não pode anunciar o que pretende empenhar, porque ainda há restrição do Ministério da Fazenda.
"Eles fingem que liberam e nós fingimos que votamos"
A presidente Dilma Rousseff e a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, mantiveram nesta terça-feira o segundo dia de agrado aos políticos. A presidente recebeu líderes de PSB, PDT e PCdoB no Planalto. E Ideli despachou num gabinete da Câmara, passando a tratar individualmente as demandas dos deputados.
"Vamos votando o que é possível"
Ainda assim, no final do dia, os deputados ainda estavam cautelosos. Eles vão aguardar as liberações para retomar a agenda de votações . Depois da greve branca na semana passada, os deputados concordaram em retomar as votações no plenário, num ritmo lento.
- Parece que foi o cronograma possível para eles. Vamos votando o que é possível para nós. Se quiser colocar que é operação padrão, pode - resumiu o líder do PTB, Jovair Arantes.
- Eles fingem que liberam e nós fingimos que votamos - resumiu um influente líder da base aliada.
O encontro de segunda-feira de Dilma com PMDB e PT, quando foi até servida uma sopa de legumes no Planalto, funcionou tão bem, que, nesta terça-feira, o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), era só elogios à presidente Dilma:
- A presidenta inaugurou um novo período em seu governo. A conversa de ontem (segunda-feira) acalmou meu espírito. Conversa respeitosa com a política e a atividade política. Como presidente, não pode apenas liderar a economia e a administração, tem que liderar a política. Utilizou a prática do diálogo, do convencimento. Com um jeito mais paciente, mais compreensível. Mudou a relação, não sei como, não sei por quê. Em relação ao PMDB, evoluiu muito. Sugeri até que ela me devolva o bambolê (dado por ele a Dilma quando ela ainda era ministra do governo Lula, num sinal de que precisava ter mais jogo de cintura política).
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
COMENTÁRIO SUJEITO A APROVAÇÃO DO MEDIADOR.