Em uma cerimônia de posse que virou uma calorosa despedida, a presidenta Dilma Rousseff deu as boas-vindas ao novo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, elogiando a "herança de êxitos e bons resultados" do seu antecessor, Wagner Rossi, ejetado da Esplanada dos Ministérios após a sucessão de denúncias envolvendo a pasta. Rossi ganhou tratamento vip: abriu a cerimônia exaltando em longo discurso a sua gestão, ganhou afagos de Dilma e Ribeiro e fez questão de agradecer o apoio dos aliados, que lotaram o Palácio do Planalto para prestigiar a cerimônia.
"Ao deixar o meu governo, o ex-ministro Wagner Rossi deixa também uma herança de êxitos e bons resultados", discursou Dilma, que agradeceu a "colaboração" de Rossi. "Nos últimos anos, o ex-ministro Wagner Rossi e todos os seus antecessores conduziram a agricultura e a pecuária brasileiras a um dos momentos mais significativos de sua história. Sem dúvida, nesse período, muito foi feito pela agropecuária, e por isso, ex-ministro Wagner Rossi, agradeço sua colaboração", afirmou a presidenta.
Dilma ainda frisou a questão do protecionismo, que cria barreiras às exportações brasileiras nos mercados estrangeiros. "Ainda há muitos desafios a enfrentar, precisamos fortalecer nossa agricultura para fazer frente ao caráter volátil e muitas vezes especulativo dos preços das commodities, fazer face às intempéries, devemos lutar contra os protecionismos", observou.
O desagravo do Planalto a Rossi foi um gesto de Dilma ao PMDB no momento em que a presidenta tenta manter controle sobre a base aliada e reduzir as tensões. Por ser indicação do vice-presidente, Michel Temer, Rossi tornou-se uma questão mais problemática na "faxina" dilmista iniciada com Alfredo Nascimento, nos Transportes. Setores do partido ameaçam apoiar tanto a saída do ministro do Turismo, Pedro Novais, quanto a instalação de uma CPI da Corrupção para investigar o próprio governo.
Rossi aproveitou seus momentos finais no Planalto para exaltar o que considera conquistas do setor. Apelou para uma série de clichês ufanistas - "benesses naturais", "momento histórico", "país abençoado" - e destacou números, como "200 milhões de toneladas de grãos". "Quem menos importou na grande revolução de apoio ao agricultor foi este ministro", disse, com falsa modéstia. O ex-ministro mencionou até a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), alvo de denúncias de corrupção e má gestão. "Conseguimos com a Conab dar nova dimensão ao tratamento pro agricultor", afirmou.
Novo ministro
Em sua primeira entrevista à imprensa como novo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro disse que vai trabalhar com "técnicos capacitados" e que colocará a pasta para "interagir" com a Controladoria-Geral da União (CGU), que apura irregularidades. "Teremos toda a integração possível, nossos ministérios vão interagir e queremos que isso seja resolvido com a maior rapidez possível", comentou Mendes Ribeiro.
Sobre mudanças na diretoria da Conab, o ministro evitou dar respostas conclusivas. "O ministro Jorge Hage (da CGU) disse que teria 30 dias, no mínimo, pra completar a sua tarefa. Até lá, vou entrar na Conab, consciente do grupo de técnicos que possui, examinarei as questões nos Estados, aprofundarei todas as ações necessárias para que a eficiência esteja sempre presente", comentou. "Posso substituir a presidência (da Conab), os diretores, não quero entrar definitivamente com uma postura, vou conversar", disse.
Segundo o novo ministro da Agricultura, "o bom senso vai estar sempre presente" na condução da pasta. "Aliás, por falta de bom senso, muita gente erra, eu vou tentar não errar", declarou, sem responder se esse teria sido o caso de Rossi.
No discurso, ele disse que "só gestão, sem proteção política, implica o emperramento e o resultado zero" e que a "política, sem gestão, implica desperdício e mau resultado". Mendes Ribeiro foi aplaudido de pé e assediado por uma delegação de deputados e prefeitos do Rio Grande do Sul, Estado onde fez a sua carreira política.
Fonte: Tribuna do Norte
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