Relatórios da Polícia Federal (PF) apontam suspeitas de operações financeiras feitas pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a partir de um escritório de advocacia que ele tem em sociedade com a mãe.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, as operações foram feitas durante o período em que Salles exerce cargo no primeiro escalão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Os documentos que apontam as suspeitas fazem parte da Operação Akuanduba, deflagrada na última quarta-feira (19/5), após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os relatórios foram elaborados com informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e, segundo a PF, apontam um “conteúdo bastante interessante”.
“Operações suspeitas foram realizadas nos últimos dois anos, por intermédio do escritório de advocacia em que o ministro Ricardo Salles é sócio com sua genitora”, diz trecho do documento.
“Obviamente a obtenção dos respectivos anexos e dados mais completos dependerá da autorização judicial emitida por esse STF, mas cremos que a confirmação da simples existência de operações suspeitas a cargo do ministro Salles, no mesmo período dos fatos em apuração, com os demais elementos, permitem que sejam apreciados os pedidos”, prossegue a PF.
À Folha, Salles afirmou, em nota, que “não há como se defender de algo que não conhece”.
Quebra de sigilo
Em 2020, a Justiça de São Paulo determinou a quebra de sigilo bancário do escritório ligado ao ministro. De acordo com o Ministério Público, ele teria movimentado cerca de R$ 2,8 milhões da conta de seu escritório para sua conta pessoal entre 2012 e 2017.
Segundo as investigações, há “discrepância” entre a movimentação financeira do ministro e declarações de Imposta de Renda à Receita Federal.
Operação Akuanduba
A Operação Akuanduba investiga crimes contra a administração pública, como corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação de contrabando, praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro.
Após o início da operação, Salles foi à Superintendência da PF, em Brasília, por conta própria. Pelo menos 160 policiais federais cumprem 35 mandados de busca e apreensão no DF e nos estados de São Paulo e do Pará.
Entre os endereços que foram visitados pela PF, estão a sede do Ibama, o Ministério do Meio Ambiente e o apartamento de Salles, em São Paulo.
O que diz Salles
Horas após a operação ser deflagrada, o ministro do Meio Ambiente afirmou, na quarta, que foi surpreendido pela PF e definiu a ação como “exagerada e desnecessária”.
Salles afirmou ainda que o Ministério do Meio Ambiente atua sempre com “bom senso, respeito às leis e respeito ao devido processo legal” desde o início do governo. Ele também afirmou acreditar que, da forma como foi instruído, o inquérito levou o ministro Alexandre de Moraes “ao erro”.
“Essas ações jamais aconteceram. O ministério e o Ibama sempre procuraram agir de acordo com as regras, com bom senso e com equilíbrio, isso ficará demonstrado nos autos do inquérito conforme eles forem instruídos”, prosseguiu.
Fonte: Metrópoles/Tribuna da Justiça
Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
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