RNPOLITICAEMDIA2012.BLOGSPOT.COM

segunda-feira, 31 de maio de 2021

UM NOVO DESAFIO CONTRA A COVID-19: VACINAS COM VALIDADE PRESTES A EXPIRAR

Canadá vai estender prazo de quase 50 mil doses da AstraZeneca; acúmulo em países ricos traz problemas logísticos para os mais pobres, sem tempo de preparar sistemas de saúde para uma chegada com regularidade incerta

O mundo ainda não resolveu o desafio de produzir vacinas contra a Covid-19 suficientes para toda a sua população, mas um grande novo desafio começa a surgir no horizonte: evitar que centenas de milhares de doses já fabricadas sejam destruídas porque suas validades expiram antes de serem administradas. Nesta situação existem países com situações econômicas muito opostas, como Canadá, Malauí e Sudão do Sul. 

O governo federal do Canadá pediu a suas províncias nesta semana que evitem “o desperdício” de milhares de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca que expiram nos próximos dias, de acordo com a carta enviada quinta-feira pela ministra da Saúde, Patty Hajdu. Uma rejeição a essa vacina e o hiato de seu uso em março, após a detecção dos primeiros casos raros de trombose, estão por trás de um problema contra o qual Hajdu agora oferece meios “logísticos e de coordenação” para que frascos não utilizados em algumas províncias cheguem em outras antes que a validade expire. 

Neste sábado, as autoridades de saúde canadenses anunciaram que estenderão o prazo de validade de quase 50 mil doses do imunizante da AstraZeneca, que deveriam expirar em 31 de maio, por um mês. O Ministério da Saúde do país informou em um comunicado que a decisão é “baseada em dados científicos sólidos”. 

Na África, com a cobertura vacinal mais baixa do planeta, Malauí teve que destruir 20 mil doses e o Sudão do Sul outras 59 mil. Elas atingiram a data de validade em 13 de abril sem que os fracos sistemas de saúde dos países pudessem administrá-las. Em ambos os casos, as doses — também da AstraZeneca, fabricadas pelo Instituto Serum, da Índia — haviam sido enviadas semanas antes da África do Sul, que por sua vez havia parado de usá-las por serem menos eficazes contra a variante que atinge o país. 

Países diferentes com realidades muito diferentes, mas um mesmo problema que os especialistas atribuem a uma causa comum. Guillem López-Casasnovas, diretor do Centro de Pesquisa em Economia e Saúde da Universidade Pompeu Fabra, de Barcelona, argumenta: — 

Os países ricos aplicaram uma política de segurança com a compra massiva de doses, várias vezes acima de suas necessidades, e a ideia de reenviar mais tarde o que eles não precisavam. Mas é um sistema que tem mil problemas logísticos e grandes riscos — afirmou. 

O Canadá é o país que mais adquiriu doses em relação à sua população: mais de 400 milhões para 37 milhões de cidadãos. E embora ainda não tenha chegado ao ponto de ter mais vacinas — a maior parte desses compromissos são no futuro — a expectativa dos cidadãos de receber as que são percebidas como mais seguras tem gerado suspeitas em relação à da AstraZeneca. Uma pesquisa revelou que apenas um em cada três canadenses se sentiria confortável tomando esse imunizante. 

Hong Kong, que também adquiriu doses para imunizar várias vezes seus 7,5 milhões de habitantes, enfrenta o desafio de administrar “milhões de unidades da Pfizer/BioNTech nos próximos três meses, antes que expirem”, relata a imprensa local. O território deu início ao sorteio de um apartamento avaliado em mais de um milhão de euros a título de incentivo. Todos os vacinados poderão participar. 

Na outra ponta da escala de renda global, especialistas lamentam que esse acúmulo tenha deixado os países mais pobres na fila, com muito poucas vacinas e sem espaço para planejar ou preparar seus enfraquecidos sistemas de saúde para a chegada de doses com uma regularidade incerta e uma data de expiração próxima.

LEIA MATÉRIA COMPLETA AQUI

Fonte: O Globo/Agora RN

Foto: ALAIN JOCARD/AFP

Nenhum comentário:

Postar um comentário

COMENTÁRIO SUJEITO A APROVAÇÃO DO MEDIADOR.