O Brasil hoje é pauta mundial. Seja pela política sanitária, ambiental ou de segurança publica, as ações do governo federal nunca estiveram em tanta evidência.
Excludente de ilicitude, desmonte de estruturas fiscalizatórias e decretos de flexibilização da compra, posse e porte de armas de fogo são apenas algumas das principais bandeiras do governo federal .
O Portal iG conversou com o pós-doutor e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, Bruno Paes Manso, para compreender a situação da segurança pública no país. Bruno é autor de livros como 'O Homem X', que conta a história de um assassino de aluguel em São Paulo; 'A Guerra', que fala sobre a ascensão do PCC no mundo do crime; e 'A República das Milícias', onde trata dos esquadrões da morte e da era Bolsonaro.
Em uma de suas avaliações, Bruno questiona a articulação do governo em busca da flexibilização das políticas de desarmamento . "Se você é um atirador e treina tiros, você precisa mesmo dessa quantidade exorbitante de armas de fogo e munições ou tem uma malandragem, uma má-fé para permitir que esse arsenal seja repassado para o crime?"
Bruno, como pesquisador da área de segurança pública, você considera que o Brasil piorou no combate ao crime organizado?
Olha, eu não diria que piorou, mas é um dos grandes desafios permanentes. A gente imaginava que durante a redemocratização esse processo iria se reverter com o fortalecimento das instituições. A modernização e maior controle das polícias, a punição de grupos de extermínio, a própria crença numa capacidade de se fazer justiça de outra maneira - mais inteligente e garantindo direitos - e com ação preventiva. Mas, infelizmente, não foi o que aconteceu e continuamos com um cenário de medo na cidade.
Neste período, as polícias passaram a atuar no modelo da época da ditadura militar, com patrulhamentos ostensivos, a partir da criação das polícias militares. Isso foi se transformando durante a democracia com o crescimento das periferias, bairros vistos como perigosos pela população e pelas próprias autoridades, que passaram a promover uma guerra contra certos grupos e produzindo uma série de efeitos colaterais.
Isso não contribuiu para a redução do crime. Pelo contrário, acabou por produzir outros cenários como a comercialização das drogas e outras possibilidades de atividades criminosas. Isso se intensificou.
Então a gente chega em 2018 com [Jair] Bolsonaro fortalecendo esse discurso, aproveitando esse medo que vigorava nas cidades, juntamente a crise política de 2018 envolvendo Lava Jato, para ressucitar um discurso de guerra e de uso de violência, que entra para a política com toda força.
Do ponto de vista político, isso é muito emblemático. Além desse discurso da guerra e do extermínio dos inimigos - no caso dos bandidos na segurança pública. Além dessa narrativa que veio e continuou com as polícias durante toda a Nova República, você tem um fato novo que é este discurso ser levado para a política.
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Fonte: Eduardo Morgado/Último Segundo
Foto: Reprodução
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