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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

ABERTO O BALCÃO.

Na semana em que o fisiologismo desavergonhado atingiu o seu ápice, parlamentares de todos os matizes se dirigiram ao gabinete presidencial munidos de uma lista quilométrica de pedidos. Está tudo dominado: em troca do atendimento de seus pleitos individuais, os congressistas prometem enterrar a segunda denúncia contra Michel Temer. É o que acontecerá.
O retrato mais bem acabado do fisiologismo político foi escancarado nas movimentações da última semana, quando uma romaria de parlamentares – mais de 40 num único dia – participou de convescotes com o presidente Michel Temer e, de pires na mão, lançou-se à barganha, esporte predileto praticado em Brasília nos tempos recentes. Ou seja, exercitaram o toma lá, dá cá velho de guerra, marca patenteada da política brasileira.
Para enterrar a segunda denúncia contra Temer, cujo destino está novamente nas mãos do Congresso, deputados de quase todas as colorações partidárias, acostumados a se moverem ao sabor de suas conveniências, apresentaram extensas listas de pedidos. Sem sequer corar a face. Desde criações de universidades, em seus redutos eleitorais, até a solicitação de camisas de times de futebol destinadas às pelejas de fim de semana do eleitorado.
A agenda palaciana ficou pequena para abrigar tantos compromissos. Na terça-feira 3, foram aproximadamente 12 horas de audiências com os parlamentares. Oficialmente, compareceram nada menos do que 34 deputados. Como alguns encontros ocorreram de forma extra-oficial, como o do deputado Édio Lopes (PR-PR), integrante da Comissão de Constituição de Justiça, há quem calcule que a senha de espera para ser recebido no gabinete presidencial possa ter chegado ao número 50.
Inaugurava-se ali a mesma prática lançada mão em meio ao exame da primeira denúncia contra o presidente. Naquela ocasião, Temer autorizou o pagamento de mais de R$ 2 bilhões em emendas parlamentares. Além disso, distribuiu cargos a aliados e baniu com a perda de postos de trabalho na Esplanada quem votou a favor da admissibilidade da denúncia. A tática funcionou. Os deputados barraram a denúncia de corrupção oferecida por Rodrigo Janot com sobras. No final da sessão na Câmara, o placar registrava 263 votos a favor de Temer e 227 contra.
A história se repete. Desta vez, com um detalhe que embute mais risco: o governo está com o caixa praticamente zerado para liberar novas emendas individuais, o que indica uma posição mais delicada em relação ao quadro que antecedeu a primeira acusação. Pior: algumas emendas que o Planalto prometeu empenhar na peleja anterior não foram quitadas até hoje. O próprio vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), ainda não teve seu pleito atendido. “Acredito que, com a entrada de dinheiro em caixa, será liberada”, minimiza ele.
O discurso de Mansur não é uníssono. Um deputado ouvido por ISTOÉ disse que há focos de descontentamento na base aliada diante do não cumprimento de promessas anteriores. Apesar de ser do mesmo partido de Temer, o vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), também demonstra insatisfação com o Palácio do Planalto. A rusga tem origem no leilão da Cemig em que foram vendidas quatro usinas. Segundo ele, havia promessa do governo de não vender usinas da estatal mineira. Promessa que não foi cumprida. Para voltar a apoiar Temer, Ramalho pede que seja rateado o lance arrecadado com o leilão, que foi de R$ 12 bilhões. “Queremos R$ 2 bilhões para serem usados nas áreas de saúde, educação, segurança e, principalmente, na revitalização dos rios”, cobra o peemedebista.
Claro, é preciso não perder de vista que é encenado no Congresso o teatro de sempre. Diante da saída chamuscada do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é totalmente improvável que Temer saia da votação derrotado. Ninguém mais, nem mesmo a oposição, conta com o cenário de deposição do presidente. Os deputados sabem, porém, que, no varejão das negociações com o Planalto, quem gritar mais alto, leva. É nisso que a maioria se fia para garantir o seu quinhão – um naco de poder, que seja.
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Fonte: IstoÉ

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