Polícia Civil finalizou o inquérito com indiciamento do homem que confessou ter asfixiado a vítima e que estava "tomado pelo capetão"
O homem pode responder, criminalmente, por seis crimes. O primeiro: homicídio triplamente qualificado — por motivo fútil, meio que dificultou a defesa da vítima e por ela ser menor de 14 anos. Segundo: ocultação de cadáver. Terceiro: crimes contra a dignidade sexual. Quarto: fornecimento de bebida alcoólica à criança. Fecham a lista desvios relacionados ao trabalho: peculato e prejuízo aos cofres públicos.
O indiciamento foi encaminhado à Justiça, que definirá sobre a abertura do processo criminal. Além disso, a Polícia Civil solicitou a conversão da prisão do suspeito de temporária para preventiva. As autoridades, em outro inquérito, ainda vão apurar eventual omissão da mãe da vítima.
Desaparecimento e corpo localizado
O corpo de Yara foi localizado na zona rural de São Pedro do Suaçuí, no Vale do Rio Doce, em 8 de março, quatro dias após o desaparecimento ser comunicado pela família às autoridades. O cadáver estava perto da cachoeira Pele de Gato, localizada a cerca de 70 km da cidade de Água Boa, onde a menina morava.
O suspeito foi preso no dia seguinte ao crime. Ao confessar o crime, ele disse que capturou a menina em horário de serviço e que a convenceu oferecendo dinheiro e comida em troca de ato sexual. Após a negativa da vítima, ele a matou por asfixia.
Tomado pelo "capetão"
Durante depoimento à Polícia Civil, logo após ser preso, o suspeito de 56 anos alegou que teria sido tomado pelo “capetão” ao cometer o crime. O homem afirma que havia levado a menina até a casa dele para comerem uma pizza. “Estava passando pela rua e a encontrei. Combinei de pagar uma pizza, e ela entrou no carro”, disse. O veículo citado pelo suspeito é um Sandero que pertence à Prefeitura de Água Boa, local onde ele trabalha. O funcionário público destacou que “a menina não entrou forçada no veículo. Ela entrou normal”.
O suspeito ressaltou que, quando chegou em casa com a menina, ainda não havia comprado a pizza, pois não sabia se ela iria aceitar o convite dele. “Ela entrou normal na minha casa e não teve relação sexual. Ia dar R$ 50 depois pra ela”, relatou. No depoimento, porém, ele não diz que a menina sabia de sua intenção de dar a ela o valor. Conforme dito pelo homem, após chegar, ele não pediu a pizza, e a menina se recusou a ter relação sexual com ele. “Tentei convencê-la [a ter relação, mas ela também não aceitou]. Pensei: nossa, e agora? Ela vai falar [para a família] que eu queria ficar com ela. O ‘capetão’ subiu e eu peguei e apertei a guela dela”, detalhou. Ele revelou ainda que a menina o conhecia, já que ele havia se relacionado com a mãe dela em duas ocasiões.
Fonte: Gabriel Rezende/O Tempo
Foto: Arquivo Pessoal
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