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domingo, 1 de dezembro de 2024

DOS 31 MINISTROS DO STJ, 16 TÊM PARENTES QUE ADVOGAM NA CORTE

Dos 31 ministros que hoje compõem o STJ (Superior Tribunal de Justiça), pelo menos 16 têm parentes que atuam como advogados em processos que tramitam na Corte. São 25 filhos, sobrinhos, enteados e esposas de ministros que assinam ações, fazem sustentação oral em plenário e são recebidos em audiência nos gabinetes.

Levantamento feito pelo UOL aponta que, ao todo, os parentes dos ministros assinaram pelo menos 4.406 ações ajuizadas no tribunal. Dessas, 913 estão em tramitação. O número equivale a 0,3% do acervo, composto por 331.958 processos. A quantidade pode ser maior, porque os parentes de ministros podem representar clientes em ações sigilosas.

O STJ tem 33 cadeiras no plenário, mas duas estão vagas. O levantamento abrange até o último dia 19.

Embora a atuação dos parentes represente um percentual baixo em relação a todos os processos que tramitam no tribunal, a prática provoca incômodo na advocacia e em autoridades, já que não é raro observar a rápida ascensão profissional dos familiares em um mercado bastante disputado.

A relação eticamente questionável entre advogados e ministros soma-se a um cenário em que a reputação do tribunal está em xeque: tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) uma investigação sobre a suspeita de venda de sentenças de ministros do STJ em um esquema que abrange servidores, advogados e lobistas. Segundo divulgou o STF, não há até o momento elementos que atestem envolvimento de ministros do STJ no esquema.

Filha entra no processo quando ele chega ao STJ

Um caso recente expõe a forma como os parentes de ministros são acionados . O município de Satuba, no interior de Alagoas, acionou a Justiça Federal em Brasília em 2018 contra a ANP (Agência Nacional do Petróleo) para ampliar os valores de royalties a que teria direito por sediar em seu território uma parte do chamado Campo de Pilar, onde ocorre exploração de petróleo e gás natural.

O município saiu vitorioso na primeira instância e no TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região, mas a ANP recorreu das decisões e o caso foi enviado ao STJ em 2023. Até chegar ao tribunal, o escritório que representava o município incluiu outros advogados na ação, por meio do chamado substabelecimento - isto é, quando um escritório dá poderes para outros advogados também atuarem no caso, como se fosse uma "subcontratação".

Foi em um destes substabelecimentos que o filho do ministro Humberto Martins, Eduardo Martins, entrou no caso, em outubro de 2020, quando a ação ainda estava no TRF-1. Ele não chegou a assinar os recursos, mas, quando o caso subiu ao STJ, o advogado que atuava desde o começo no processo deixou a causa e a entregou a outros em novembro de 2023.

LEIA MATÉRIA COMPLETA AQUI

Fonte: Carolina Brígido e Mateus Coutinho/UOL

Foto: Lucas Pricken/STJ

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