— Se eu não tivesse me defendido, ou melhor, se esse cara tivesse conseguido me matar, minha mãe estaria lutando por justiça e eu estaria morta, diz ela, enquanto respira fundo.
A mulher de Oaxaca, Sul do México, recebeu El País em sua casa em Nezahualcóyotl, um mês antes do início do julgamento marcado para 1º de setembro. Em fevereiro deste ano, um tribunal permitiu que ela continuasse em liberdade com a condição de não deixar o estado do México, registrar presença na Justiça a cada duas semanas e justificar cada movimento que fizer à polícia. Ruiz diz que vive com medo e incerteza sobre seu futuro e o de seu filho, um menino de cinco anos.
— Sinto uma tensão no peito porque não quero voltar para a cadeia. Não sei se são delírios de perseguição, mas tenho medo de que a família do homem vá fazer alguma coisa comigo — diz, enquanto prepara o almoço.
O Ministério Público alega que sua forma de se defender foi excessiva, enquanto seus advogados exigem que o caso seja julgado sob a perspectiva de gênero.
— Me causa dor e vergonha que o que vivi não seja reconhecido, porque fui estuprada e sou uma sobrevivente de um feminicídio — continua ela, com a voz embargada que se recompõe imediatamente.
— Uma vez, quando eu ainda estava lá em uma audiência, o homem [pai do agressor] começou a questionar por que eu não saí para buscar ajuda, por que eu tive que matar o filho dele, mas o que ele não sabe e o que eu queria dizer é que, sim, eu tentei sair. O filho dele não me deixou sair, mas o advogado [o promotor encarregado da acusação] começou a dizer que sou um perigo para a sociedade — diz Rox, com coragem.
Em 1º de setembro, ela será julgada pelo mesmo sistema que a quer de volta à prisão.
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