Ex-presidente não citou nenhuma acusação que pesa contra ele, nem fez referência às próximas eleições.
Estrela principal do XII Encontro Mulheres - Resistência e Política, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez na noite deste sábado um discurso voltado para a militância feminina. Falando para uma plateia formada quase que exclusivamente por mulheres, o ex-presidente não citou nenhuma acusação que pesa sobre ele, nem fez referência às próximas eleições para presidente, para as quais é pré-candidato e lidera pesquisas de intenções de voto.
Lula citou sua mãe e sua mulher, dona Marisa, falecida no ano passado, para dizer que sempre recebeu o exemplo de mulheres fortes. Em 40 minutos de discurso, ele mencionou a ex-presidente Dilma Rousseff apenas uma vez, ao dizer que a presença feminina na política tem que aumentar, e que no Brasil apenas a petista conseguiu chegar ao topo do Poder.
— Eu acho que a mulher tem algo superior que está ligado à maternidade, a mulher sabe cuidar mais, ela tem mais chamego, ela é mais carinhosa, a mulher tem uma série de coisas. Acho que os homens já têm milhares de anos de governança. No Brasil, a gente só teve uma experiência em 500 anos, que foi a Dilma. Eu não tenho a solução, mas era preciso que vocês colocassem a cabeça para funcionar, não adianta dizer que a gente criou a secretaria das mulheres, que deu o cartão do Bolsa Família e do Minha Casa Minha Vida para as mulheres, a gente tem que dizer algo mais — disse, incitando as delegadas do PT a trazerem mais mulheres para dentro do partido.
O ex-presidente Lula chegou ao evento meia hora atrasado, onde já o esperava uma multidão de mulheres, que tão logo o viram começaram a gritar e cantar, o abraçaram, beijaram e pediram para tirar selfies. "Lula, ladrão, roubou meu coração", cantavam.
Nesse clima, Lula foi levado por um corredor de fãs até o auditório em que seriam proferidos os discursos do ex-presidente e da senadora Gleisi Hoffmann, presidente do partido. Segundo a organização do evento, cerca de 700 delegadas participavam do ato, que culminará amanhã na eleição da secretária nacional de Mulheres do PT.
— Gente, vamos acalmar — pedia insistentemente a delegada que tentava organizar o início das falas.
Dilma foi convidada, mas não participou. Alegando estar em viagem à Rússia para "denunciar o golpe e defender o presidente Lula à opinião pública internacional", ela enviou uma carta, lida por Gleisi.
— Ô presidente, com essa turma aqui você não perde a eleição, não. Vamos ganhar ou não vamos? Lula 2018 — provocou Gleisi, antes de começar a ler a carta da ex-presidente.
Embora lidere as pesquisas de intenção de votos em todos os cenários, Lula corre o risco de não concorrer à Presidência, caso um colegiado confirme a decisão já proferida pela primeira instância da Justiça. Ele foi condenado a nove anos de prisão pelo juiz Sergio Moro no caso do tríplex do Guarujá.
Nesta sexta-feira, o Ministério Público pediu o aumento da pena. Lula sofreu outro revés numa outra ação na qual é réu por corrupção e lavagem de dinheiro, acusado de ter recebido propinas da Odebrecht por meio do aluguel do apartamento vizinho à cobertura onde mora, em São Bernardo (SP). A força-tarefa da Lava-Jato suspeita de que os recibos entregues por ele comprovando o negócio sejam falsos.
Fonte: Catrina Alencastro/O Globo
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