Como brasileiros recorrem às farmacêuticas para ter acesso a drogas não aprovadas. Pedidos aumentaram 50% em relação a 2015.
O mais difícil, o potiguar Roberto Medeiros, de 42 anos, havia conseguido. Depois de quase dois meses de espera, o medicamento importado, sua última esperança contra um câncer de pulmão, chegara ao hospital em que ele estava internado, em Natal. Medeiros pegou o comprimido rosado e o levou à boca, seguido de um copo com água. Nos meses anteriores, os tratamentos haviam sido inócuos e os tumores aumentaram a ponto de dificultar sua respiração. Uma máscara de oxigênio ajudava a suprir o ar que faltava. Mas foi à emoção, e não à dificuldade de respirar, que Medeiros atribui o engasgo na hora de engolir o comprimido. Ficou na dúvida se o danado escapulira. No quarto, sua mulher, Ana Paula, a mãe, a irmã e o cunhado, que assistiam à cena, lançaram-se ao chão. Foram minutos de inspeção minuciosa, até Medeiros certificar-se de que o medicamento estava onde deveria: a caminho de destruir as células do tumor que começara no pulmão três anos antes, atingira o cérebro e se espalhara para os ossos. “Imagina desperdiçar um dia de remédio?”, diz o administrador de fala mansa, típica de quem se deu conta da brevidade da vida e aprendeu a valorizar cada momento. Desde que foi diagnosticado com um tipo de câncer que costuma afetar jovens que nunca fumaram, como ele, seu maior desejo é ver crescer os filhos, um menino de 8 anos e uma menina de 6. “Sempre pedi força e coragem para conviver mais tempo com os meus filhos.”
O comprimido rosado é tão valioso porque Medeiros sabe que suas opções estão se esgotando. Ele percorreu um roteiro comum a pacientes com câncer: cirurgia para extirpar o tumor inicial, sessões de quimioterapia e radioterapia. Por algum tempo, bastou para retardar a doença. Quando os tumores se espalharam pelos ossos sem dar sinal de responder às drogas tradicionais, Medeiros chegou a tentar um novo tipo de tratamento, considerado uma das armas mais promissoras contra o câncer, a imunoterapia. Esse tipo de droga deixa o tumor mais vulnerável à ação das defesas do organismo. Era vendido nos Estados Unidos, e não no Brasil. Um funcionário da empresa da família de Medeiros viajou para buscar o medicamento. Foram US$ 15 mil, posteriormente reembolsados pelo plano de saúde, acionado na Justiça pela família de Medeiros. Um mês e meio de tratamento. Nenhum resultado. Diante do fracasso, o médico de Medeiros adotou o último recurso naquele momento: o comprimido rosado, uma droga que não estava à venda.
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Fonte: Marcela Buscato/Época
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