O número de automóveis e comerciais leves emplacados no Rio Grande do Norte caiu 2,21% entre janeiro e maio de 2011 em relação ao mesmo período de 2010, ao passo que na Paraíba, principal concorrente do RN dentro do Nordeste, subiu 12%. Para entidades do setor, o fato de o governo estadual ter cortado benefícios de servidores e suspendido o pagamento a fornecedores locais, reduzindo o poder de compra dos potiguares, contribuiu para o mau desempenho do estado. A situação é agravada pela greve no Departamento Nacional de Trânsito (Detran/RN), que já dura 30 dias. Com a paralisação, segundo estimativa do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no RN (Sincodern), 2 mil automóveis deixaram de ser transferidos no estado. O atraso afeta as vendas de novos e semi novos.
A paralisação explica, em parte, o mau desempenho do estado em maio. Apesar de apresentar leve recuperação em relação a abril, o número de automóveis e comerciais leves emplacados em maio no RN caiu 1,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Em Natal, a queda foi ainda maior. Segundo Marcelo Coutinho, diretor comercial da Pontanegra Fiat, o número caiu 8,5%. Cerca de 200 automóveis deixaram de ser vendidos, e consequentemente, emplacados no último mês.
Para ele, a política de restrição de crédito adotada pelo governo federal, as dificuldades enfrentadas pelo governo do estado, que chegou a suspender o pagamento a fornecedores e cortar benefícios dos funcionários, e a greve do Detran/RN, atingem principalmente os automóveis populares - com motor 1.0 e que custam até R$40 mil. "Tudo que tira agilidade de qualquer processo atrapalha as vendas", diz Coutinho. Antes da greve, um automóvel era emplacado em 48 horas. Com a paralisação, leva, em média, cinco dias para ser emplacado.
A expectativa, segundo ele, é que as vendas e o número de emplacamentos voltem a subir neste segundo semestre, quando o mercado deverá se recuperar. "A redução do número de emplacamentos nos Rio Grande do Norte não é reflexo apenas da greve, mas do contexto macroeconômico. Nos últimos meses, a inadimplência cresceu e o crédito ficou mais escasso", analisa Coutinho.
Ele acredita na recuperação do setor, mas teme que João Pessoa, principal concorrente de Natal, passe na frente. "Se nada for feito, o mercado automobilístico de João Pessoa vai ficar maior que o de Natal. Há alguns anos, ele representava a metade do nosso".
Coutinho explica que o emplacamento no RN começou a cair ainda em março, revelando que a greve do Detran não é a única responsável pelo mau desempenho do estado. A situação só será revertida com mais investimentos no estado. "O Rio Grande do Norte tem uma dependência muito grande do governo. O RN tem muitos funcionários públicos. Quando o governo estanca isso, a economia anda mais devagar", afirma.
Para Marcelo Macêdo, assessor jurídico do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no RN (Sincodern), o Sindicato ainda não sabe o que está por trás da queda registrada desde março, no entanto, sabe que a greve do Detran foi um dos fatores determinantes para o distanciamento do Rio Grande do Norte e da Paraíba no número de automóveis e comerciais leves emplacados.
Fonte: Andrielle Mendes/Tribuna do Norte
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