O Rio Grande do Norte tem atualmente um percentual de filiados em partidos políticos está ligeiramente abaixo da média nacional, que é de 10,3%. Dos 2,2 milhões de eleitores potiguares, 9,7% compõem a lista de partidos políticos, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um dado que não pode ser parâmetro para a politização ou não da população norte-riograndense ou brasileira, de acordo com o cientista político e professor da Universidade Federal do RN (UFRN), João Emanuel Evangelista. Ele observou que há hoje um fenômeno chamado "pluralização", quando as pessoas da sociedade civil externam demandas aos poderes públicos, cuja essência oculta até certo ponto as formas clássicas de representação, como partidos políticos e sindicatos. "A participação política é algo mais amplo que filiação partidária", destacou o professor.
João Evangelista assinalou também que tomando-se especificamente filiação para se avaliar o nível de politização é preciso considerar a evolução deste aspecto ao longo do tempo. "E no Brasil nós temos um problema que são as experiências democráticas ao longo da independência. Na verdade houve interrupções autoritárias onde a vida dos partidos foi suprimida. Não é por acaso que temos uma descontinuidade e nós temos vários sistemas partidários que, entre outras coisas, são uma explicação para a fragilização dos partidos brasileiros", emendou ele.
João Evangelista destacou ainda a importância de se analisar o nível de filiação partidária no Brasil por meio de um comparativo de referências internacionais. "Esses dados dariam um maior nível de consistência da análise. Para saber se equivale a um nível de democracia", complementou.
Dos 134,8 milhões de eleitores brasileiros, dentre os quais 2,2 milhões são potiguares, a maioria dos que optou por filiar-se a partido político escolheu o PMDB. O professor João Evagelista observa, neste caso, que dois fatores ajudam a explicar o cenário. Ele lembra que o Rio Grande do Norte teve historicamente a marca da bipolarização de forças e o PMDB conseguiu um êxito mais substancial quanto à consolidação das principais lideranças. "Há sempre dois grupos principais que disputam o poder. Nos anos 60 você tinha Dinarte [Mariz] e Aluísio [Alves]. Ao longo do regime militar essa polarização se transforma em uma polarização entre a família Alves e a Maia. Ambas sofrem fragilização interna, mas o PMDB manteve uma maior coerência do grupo político", apontou ele.
Um outro dado comentado pelo professor diz respeito ao PT. A legenda do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma Rousseff é a segunda no país entre o número de filiados. No RN essa colocação cai para a oitava posição. "Isso configura a fragilidade do PT local. que não conseguiu se constituir como uma alternativa de poder", observou.
Fonte: Tribuna do Norte
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