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sexta-feira, 14 de março de 2025

A CADA 17 HORAS, UMA MULHER É MORTA NO BRASIL POR VIOLÊNCIA DE GÊNERO

Relatório aponta 531 feminicídios e aumento de 12,4% na violência contra mulheres, com falhas na proteção e crescimento alarmante em vários estados.

O novo boletim Elas Vivem: um caminho de luta, divulgado nesta quinta-feira (13) pela Rede de Observatórios da Segurança, expõe um cenário alarmante da violência de gênero no Brasil. De acordo com o levantamento, 531 mulheres foram vítimas de feminicídio em 2024, o que significa que, ao menos, uma mulher foi morta a cada 17 horas no país.

O documento aponta um aumento de 12,4% nos eventos de violência contra mulheres em relação a 2023, totalizando 4.181 ocorrências nos estados monitorados. Entre os crimes analisados, a violência sexual e o estupro tiveram um crescimento alarmante de 70,5%, enquanto os homicídios aumentaram 22,1%. “Os números crescem, os métodos de violência são aperfeiçoados, mas os meios de mitigá-los permanecem falhos, ineficientes ou tardios para salvar vidas”, alerta trecho do relatório.

Outro dado preocupante é a relação dos agressores com as vítimas: 75,3% dos feminicídios foram cometidos por familiares, sendo que parceiros e ex-parceiros foram responsáveis por 70% dos casos.

Os estados do Maranhão e do Pará registraram os aumentos mais expressivos. No Maranhão, a violência contra mulheres cresceu 87,1%, enquanto no Pará o crescimento foi de 73,2%. O Piauí também apresentou um aumento preocupante de 17,8% nos eventos violentos. No Amazonas, estado que passou a integrar a Rede de Observatórios da Segurança em 2024, 84,2% das vítimas de violência sexual tinham entre 0 e 17 anos, revelando um quadro de vulnerabilidade extrema para meninas e adolescentes.

São Paulo foi o único estado monitorado com mais de mil eventos violentos contra mulheres, registrando 1.177 casos. Desses, 144 foram feminicídios, sendo que 125 foram cometidos por parceiros ou ex-parceiros.

No Nordeste, Pernambuco registrou o maior número de mortes de mulheres entre feminicídios, homicídios e transfeminicídios, totalizando 167 vítimas. O estado também foi o segundo no país com mais feminicídios, registrando 69 casos.

A Bahia, por outro lado, apresentou uma redução de 30,1% nos eventos de violência em relação a 2023. No entanto, os feminicídios ainda somaram 46 casos, sendo que em 34 deles não houve registro da raça/cor das vítimas, o que evidencia a falta de transparência nos dados.

Para os pesquisadores, é urgente ampliar o acesso a mecanismos de proteção, como Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) e centros de acolhimento, bem como investir na educação e na prevenção da violência de gênero. A falta de infraestrutura e recursos nas delegacias e a lentidão da justiça também foram apontadas como entraves para a segurança das mulheres brasileiras.

A Rede de Observatórios da Segurança enfatiza que a violência contra a mulher é um problema estrutural e precisa ser enfrentado com medidas eficazes e constantes. Apesar da existência de leis importantes, como a Lei Maria da Penha e a tipificação do feminicídio como crime, a fragilidade na implementação dessas políticas tem permitido que a violência continue crescendo.

O relatório Elas Vivem reforça a importância de mobilizações sociais e do fortalecimento das redes de apoio às mulheres. Enquanto os números crescem, o caminho para uma sociedade mais segura e igualitária continua sendo pavimentado pela resistência feminista e pela luta por políticas mais efetivas de combate à violência de gênero.

Fonte: Vermelho.

Foto: Stock.

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