Dois coordenadores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão responsável pela aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), pediram exoneração de seus cargos, a menos de um mês da prova.
Hélio Júnio Rocha Moraes, coordenador-geral de Logística da Aplicação, e Eduardo Carvalho Sousa, coordenador-geral de Exames para Certificação, comunicaram os pedidos de exoneração entre quarta-feira, 3, e esta sexta-feira, 5, ao Diretor de Gestão e Planejamento do Inep, Alexandre Avelino Pereira. Ambos são servidores antigos e experientes, que estão há mais de dez anos trabalhando com o Enem.
Moraes é responsável por toda a organização logística da prova, o que envolve a alocação dos candidatos nas salas de aplicação e supervisão de contratos. Segundo o Estadão apurou, durante a aplicação do Enem ele é a pessoa crucial, que faz os contatos com os policiais, os Correios, a gráfica. Servidores ouvidos pela reportagem temem pela segurança do exame sem a presença de profissionais experientes, já que o presidente do órgão, Danilo Dupas, nunca participou da realização do Enem.
No pedido de exoneração, Moraes solicita a saída do cargo de coordenador-geral de Logística da Aplicação e do encargo de fiscal de contratos do Enem e outras avaliações como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade).
Sousa coordena o setor responsável pela elaboração da prova do Enem e já havia saído de licença médica por estresse. A prova está pronta e já impressa. O Estadão apurou que os pedidos de exoneração têm relação com divergências em relação a Dupas, que tentou mudar os professores responsáveis pela elaboração do Enem, colocando indicados seus. Com a discordância de Sousa, Dupas teria desistido. Mesmo assim, a situação ficou insustentável e Sousa preferiu deixar o cargo.
Nesta quinta-feira, 4, a Associação dos Servidores do Inep (Assinep) divulgou um documento em que alerta para problemas no Inep. Os servidores se dizem vítimas de assédio da presidência atual. Segundo a associação, o Enem, o Enade, o Saeb e os Censos da Educação Básica e da Educação Superior estão em risco, "em razão das decisões estratégicas que estão sendo adotadas no âmbito da presidência do Inep".
A Assinep também afirma que Dupas se recusa a fazer parte dos próximos trabalhos das Equipes de Incidentes e Resposta (Etir) do
Enade 2021 e do Enem 2021. A Etir é responsável pela gestão de imprevistos durante a realização das provas. Essa equipe sempre foi liderada pelo presidente do Inep. A recusa de Dupas cria uma clima de insegurança entre os servidores.
"Todas as suas ações (de Danilo Dupas) demonstram que, na verdade, sua prioridade é resguardar o seu 'CPF', a ponto de se recusar a fazer parte dos próximos trabalhos das Equipes de Incidentes e Resposta (Etir)", afirma o documento da Assinep.
A associação alertou ainda para a sobrecarga de trabalho e funções dos servidores. De acordo com a Assinep, a Diretoria de Tecnologia e Disseminação de Informações Educacionais do Inep também está sem diretor. Nesse caso, a saída ocorreu por dificuldades para vencer obstáculos "relacionados, sobretudo, à falta de pessoal, ao grande número de demandas e, por consequência, à elevada sobrecarga de trabalho dos profissionais, principalmente para o desenvolvimento de sistemas".
Os pedidos de exoneração ocorrem a menos de um mês do Enem, prova em que estão inscritos mais de 3 milhões de candidatos. Os testes estão marcados para os dias 21 e 28 de novembro.
Fonte: Tribuna do Norte
Foto: Alex Régis
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