A taxa média de juros no Brasil para empréstimos subiu 2,2 pontos em outubro em relação a setembro, alcançando 32,8% ao ano —o maior patamar desde o início da crise de coronavírus, quandi esse percentual chegou a 33,3% ao ano.
Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta sexta (26).
No acumulando do ano, a alta observada é de 7,3 pontos. Os dados referem-se ao segmento de recursos livres, em que o custo dos financiamentos é livremente estabelecido pelas instituições financeiras.
De acordo com os dados do BC, a inadimplência no mesmo segmento ficou estável em outubro sobre setembro, com alta de apenas 0,1 ponto desde dezembro de 2020, a 3%.
O encarecimento do crédito tem como pano de fundo o ciclo de aperto monetário conduzido pelo BC para domar uma inflação persistente e cada vez mais disseminada.
A taxa básica de juros (Selic), que iniciou o ano na mínima histórica de 2%, já subiu 5,75 pontos, ao patamar atual de 7,75%.
A perspectiva é que encerre o ano em nível ainda mais alto após o BC sinalizar no fim de outubro que antevia outro ajuste de 1,5 ponto na próxima reunião do Copom, em dezembro, dentro de processo para colocá-la em território "significativamente contracionista", em que atua para esfriar a economia.
Autoridades do BC têm ressaltado que o aperto monetário é necessário para promover a ancoragem das expectativas de inflação, que têm se distanciado cada vez mais da meta para 2022.
Diante do quadro, muitos economistas vêm apontando o custo mais alto do crédito no ano que vem como fator que jogará contra a expansão da Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo os dados do BC, o spread bancário no segmento de recursos livres subiu a 23,1 pontos percentuais em outubro, sobre 21,7 pontos em setembro, com alta de 2,2 pontos no acumulado do ano.
Olhando para as pessoas físicas, o BC afirmou que o destaque na subida dos juros médios sobre o mês anterior foi para crédito pessoal não consignado (alta de 6,2 pontos) e cartão de crédito rotativo (alta de 4,1 pontos).
Nos dez primeiros meses do ano, as maiores elevações foram no parcelado do cartão de crédito (23,7 pontos, a 172,6% ao ano), rotativo do cartão de crédito (15,8 pontos, a 343,6% ao ano) e no cheque especial (13,2 pontos, a 128,8% ao ano).
A taxa do cartão de crédito rotativo, inclusive, atingiu o patamar mais alto desde agosto de 2017, quando era de 392,3% ao ano.
CRESCIMENTO DO CRÉDITO
Apesar do crédito mais caro, a trajetória do estoque segue em expansão. O crescimento geral foi de 1,5% em outubro sobre setembro, a R$ 4,497 trilhões, correspondente a 53,2% do PIB.
No acumulado do ano, o estoque de crédito no Brasil subiu 11,8% e, em 12 meses, 16%.
No segmento de recursos livres, a alta foi de 1,7% em outubro e 13,8% no ano, enquanto no segmento de recursos direcionados o aumento foi de 1,2% e 9,2%, respectivamente.
No fim de setembro, o BC estimou que a expansão do crédito geral em 2021 seria de 12,6%, puxada pela expansão de 15,7% no crédito livre.
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