O grupo católico Legionários de Cristo se tornou notícia, em dezembro passado, quando admitiu que 175 crianças foram abusadas por membros de sua congregação entre 1941 e 2019.
O relatório divulgado pelo grupo religioso incluía a admissão de que seu fundador, o mexicano Marcial Maciel, abusou de 65 menores.
Como fazem a cada seis anos, os Legionários de Cristo — grupo presente em 21 países, entre eles o Brasil — estão reunidos em Roma durante oito semanas, para, além de nomear novos líderes, tratar do "caminho para avançar no atendimento a vítimas de abusos sexuais, possíveis encobrimentos, negligências ou omissões em relação a estes no passado", explicou à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC) Pablo Pérez de la Vega, diretor de comunicação da entidade.
Existe também, desde 2010, um comunicado do Vaticano emitido após uma visita aos legionários que descreve o comportamento de Maciel como "autênticos delitos" e "carente de escrúpulos".
"Essa vida (de Maciel) era desconhecida de grande parte dos legionários, sobretudo (por causa do) sistema de relações construído por Maciel, que habilmente conseguiu ganhar a confiança, a familiaridade e o silêncio de quem o rodeava", diz o comunicado.
Outro sacerdote acusado é Fernando Martínez, que admitiu abusos após ser alvo de acusações por várias vítimas no México.
Uma dessas vítimas é a museóloga Biani López Antúnez, de 37 anos, que conta ter sido abusada entre os 8 e 10 anos de idade.
Naquela época, Biani escreveu uma carta a uma professora contando que Martínez — então padre e diretor da escola onde ela estudava — dava nela e em suas colegas "beijos cada vez mais próximos à boca" e "segurava-as entre as pernas".
Assim como Biani, outras vítimas de Martínez criticaram o relatório dos Legionários de Cristo, afirmando que ele não é abrangente o bastante para incluir as pessoas que, segundo as vítimas, ajudaram a encobrir os abusos.
Abaixo, Biani conta à BBC News Mundo como era a rotina de abusos:
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Foto: Ana Gabriela Rojas
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