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sábado, 29 de junho de 2019

POR ATRASO DE 20 MINUTOS DA CHINA, BOLSONARO CANCELA ENCONTRO COM XI JINPING.

O presidente não teve paciência para esperar além dos 20 minutos que já aguardara na sala de espera pela delegação chinesa.

O encontro do presidente Jair Bolsonaro com o líder chinês, Xi Jinping, era um dos mais aguardados da agenda brasileira no G-20 em Osaka, no Japão. Tudo estava preparado: os copos de vidro já preenchidos com água para serem colocados na mesa lateral de cada um dos líderes e as bandeiras do Brasil e da China prontas para serem instaladas na sala de reunião. Mas, por decisão de Bolsonaro, o encontro foi desmarcado na última hora.
O presidente não teve paciência para esperar além dos 20 minutos que já aguardara na sala de espera pela delegação chinesa e decidiu desmarcar a última reunião bilateral agendada. Depois de conquistas obtidas nos últimos dois dias, com o sucesso do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia e um reencontro descontraído com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Bolsonaro abandonou por volta das 14h50 o local, com destino ao hotel onde se hospedou em Osaka. A reunião estava originalmente marcada para as 14h30.
O cancelamento pegou de surpresa inclusive os assessores de Bolsonaro, que aguardavam o início do encontro junto da imprensa brasileira, na porta da sala onde a reunião aconteceria. A bandeira do Brasil chegou a ser colocada dentro da sala por integrantes da delegação chinesa por volta das 14h55, mas ficou apenas alguns segundos lá dentro. Do lado de fora, os jornalistas chineses se irritaram depois de esperarem por mais de uma hora, em fila, para entrar no encontro.
A explicação para a mudança de planos foi dada pelo porta-voz da presidência, general Otávio Rêgo Barros, em ligação colocada em viva voz por meio do celular de uma assessora: “Temos uma incompatibilidade de agendas em função de atraso das bilaterais, nós esperamos até o presidente momento e como nós temos um horário para decolagem e ainda temos que retornar ao hotel para fazer o fechamento, etcetera, etcetera, o presidente decidiu abdicar dessa bilateral e posteriormente efetivar os contatos necessários para o prosseguimento das conversações entre os dois países”.
Na campanha eleitoral, Bolsonaro fez críticas à China. A base ideológica do governo, inspirada no escritor Olavo de Carvalho e com ressonância em aliados próximos ao presidente como o filho, Eduardo Bolsonaro, também criticam o que chamam de "hiperdependência comercial" do Brasil com os chineses. Desde que tomou posse, Bolsonaro teve de moderar o discurso sobre a maior parceira comercial no Brasil e a equipe econômica tem reiterado que o País continua aberto a investimentos e negócios com os chineses.
“O presidente decidiu, já estava bastante atrasado, nós estávamos esperando na sala da bilateral e, como eu disse, a logística foi determinante nesse processo”, afirmou o porta-voz. A reunião com Xi Jinping seria o último compromisso oficial de Bolsonaro, que tinha a decolagem para o Brasil prevista para as 18h.
Questionado se o governo brasileiro sairia frustrado pela desmarcação, o porta-voz afirmou que Bolsonaro “não apresentou opinião” e que o presidente estava “bastante feliz” com os resultados do G-20, do encontro dos BRICS e do acordo entre União Europeia e Mercosul.
O tema mais importante de discussão à margem do G-20 é a guerra comercial entre chineses e americanos. Em março, nos jardins da Casa Branca, Bolsonaro mostrou alinhamento total de seu governo às políticas de Trump e evitou tomar lado na disputa travada entre as duas potências. Em Osaka, Bolsonaro iria se reunir com os dois pólos do imbróglio, mas acabou mantendo apenas o encontro bilateral com Trump.
Bolsonaro e Xi se encontraram no Japão, mas não para uma conversa a sós. Eles se viram em reunião dos BRICS, com os líderes da Rússia, Índia e África do Sul, e se sentaram ao lado em um jantar do G-20. Segundo o brasileiro, ele ficou ao lado de Trump e Xi no jantar da sexta-feira. "90% da conversa foi entre Trump e Xi e 10% comigo", comentou Bolsonaro. O presidente afirmou que deve viajar para a China em outubro e pode incluir a Arábia Saudita no roteiro.

Fonte: Beatriz Bulla e Célia Froufe/Estadão

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