Em audiência na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, voltou a dizer que a mulher é submissa ao homem no casamento. Mas afirmou que isso é uma questão de fé e que não a torna menos capaz de ser ministra.
- Essa é uma fala que fiz dentro da minha igreja. Dentro da doutrina cristã, sim. Dentro da doutrina cristã, lá dentro da igreja, nós entendemos que um casamento entre homem e mulher, o homem é o líder do casamento. Então essa é uma percepção lá dentro da minha igreja, dentro da minha fé. Eu quero dizer que todas mulheres devem ser submissas? Abaixar a cabeça para o patrão, para o agressor, para os homens que estão aí? Não. Mas dentro da minha concepção cristã, a mulher sim no casamento é submissa ao homem. E isso é uma questão de fé. Isso não me faz menos capaz de dirigir este ministério. Não me faz mais incompetente. É uma questão de fé lá dentro do meu segmento - disse Damares.
A ministra também reclamou dos ataques a ela, que teria sido retratada como uma louca.
- Enquanto tentam desqualificar a ministra, tem mulheres morrendo, sendo abusadas - disse Damares.
Questionada sobre os impactos da flexibilização das regras para posse de armas sobre a violência contra a mulher, ela afirmou:
- Eu tenho sido o mais imparcial possível naquele ministério. Fui acusada há muito tempo de que uma pastora ia assumir o ministério e ia fazer uma grande igreja. Quem está ministra é a ativista, advogada Damares. A pastora está na igreja. Então, as minhas intenções pessoais sobre desarmamento, gostaria de deixá-las para um segundo momento. O que nós podemos fazer é um debate bem técnico. sobre o impacto disso na violência contra a mulher. Não dá para dizer ainda se impactou. É tudo uma expectativa de que pode aumentar. Mas o homem mata com dentes, com mão, com pau. A violência contra a mulher se configura de diversas formas - disse Damares, afirmando ainda que qualquer tipo de violência à mulher deve ser rejeitado.
Aborto
Questionada sobre o aborto, ela reiterou ser contra, mas que isso não seria tratado no ministério. Hoje o aborto é permitido no Brasil em três situações: estupro, risco à vida da mãe, e anencefalia (quando o feto não tem cérebro). Há no Parlamento tentativas tanto de restringir quanto de ampliar as possibilidades legais de interrupção da gravidez. Há também duas ações no STF que tratam do tema.- Sou contra o aborto, mas isso não vai nortear a política do ministério. Tem muita coisas para discutir lá. (O aborto) É a discussão do Parlamento e agora do Judiciário - disse Damares.
Instada duas vezes a falar sobre as denúncias da deputada Alê Silva (PSL-MG), que acusou o ministro do Turismo , Marcelo Álvaro Antonio, de ameaçá-la de morte, Damares preferiu não comentar.
- Eu gostaria também de não falar sobre esse assunto, porque nós vamos precisar entender o que está acontecendo até o final dessa investigação - disse Damares.
Fundo partidário
Questionada se defendia a cota de 30% do fundo partidário para campanhas femininas, ela disse que quer 50% para as mulheres. Sobre educação sexual, declarou ser a favor do seu ensino, lembrando sua própria história de vida, uma vez que sofreu abuso quando criança.
- Se eu tivesse recebido educação sexual, eu acredito que teria me defendido daquele abuso. Eu não sabia o que era aquilo. De repente estava lá uma menina de seis anos que nunca tinha visto um órgão genital. Estou sendo machucada e não entendia o que estava acontecendo Se tivesse sido orientada aos seis anos - "aqui é íntimo, ninguém toca, aqui é íntimo, ninguém toca, grita se alguém tocar" -, eu teria gritado. Eu não sabia o que fazer. A educação sexual é para proteger as meninas do abuso e prevenção da gravidez. Esse governo não é contra, mas vai fazer da maneira certa, obedecendo as especificidades da idade e, mais, o professor sendo preparado para isso - afirmou Damares.
Fonte: Extra
Foto: Jorge William/Agência O Globo
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