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segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

FARRA DO INSS: ALVO DE OPERAÇÃO JÁ FOI CONDENADO POR CAIXA 2

Abraão Lincoln acumula condenação eleitoral, prisões e faturamento suspeito de R$ 221 milhões

Investigado como um dos protagonistas da "Farra do INSS", Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores de Pesca e Aquicultura (CBPA), possui um histórico jurídico que vai muito além dos descontos indevidos em aposentadorias.

Recentemente condenado por caixa 2, o sindicalista é apontado como peça-chave em esquemas que drenaram milhões de reais sob o pretexto de representar pescadores.

A condenação mais recente, de agosto de 2024, refere-se às eleições de 2014. Segundo o Ministério Público, Abraão utilizou a conta bancária de uma secretária como "laranja" para movimentar valores não declarados.

O esquema envolvia saques realizados por seu filho e depósitos vultuosos, incluindo R$ 86 mil vindos de um policial militar e R$ 46 mil de sua própria esposa.

A CBPA, sediada em uma pequena sala comercial em Brasília que funciona apenas duas horas por dia, é alvo de um relatório devastador da Controladoria-Geral da União (CGU). O órgão aponta que a entidade não possui infraestrutura para cadastrar os 757 mil associados que alega ter.

O crescimento da CBPA é classificado como um fenômeno estatisticamente impossível pelas autoridades. Em 2023, a entidade registrou um salto vertiginoso, passando de apenas quatro para mais de 340 mil sócios em poucos meses. De acordo com cálculos da CGU, para atingir esse volume, a associação precisaria ter adicionado cerca de 17,76 novos descontos por minuto, marca considerada inviável para uma estrutura que não possui funcionários registrados.

Além da velocidade suspeita, o órgão identificou uma tentativa de fraude ainda mais grave: a confederação buscou incluir descontos nos benefícios de mais de 40 mil pessoas que já haviam falecido.

Dos aposentados vinculados à CBPA que registraram queixas, 99% afirmam não ter autorizado qualquer dedução em seus pagamentos. No total, a entidade embolsou R$ 221,8 milhões em apenas dois anos.

Prisões e mentiras na CPMI

Abraão Lincoln não é um novato em operações policiais. Em 2015, foi preso na Operação Enredados, acusado de liderar uma organização criminosa que vendia licenças ambientais no extinto Ministério da Pesca.

Mais recentemente, em novembro de 2024, foi preso novamente por falso testemunho durante depoimento à CPMI do INSS. O sindicalista negou conhecer intimamente o tesoureiro da CBPA, Gabriel Negreiros, até ser confrontado com fotos do batizado de seu neto, onde Negreiros era o padrinho. Na ocasião, revelou-se um depósito suspeito de R$ 5 milhões feito por Abraão na conta pessoal do tesoureiro.

Conexões políticas e o "Careca do INSS"

Ex-presidente do Republicanos no Rio Grande do Norte, Abraão mantém trânsito livre entre políticos e nomes do alto escalão do INSS. A CBPA é citada como uma das fontes pagadoras de Antonio Carlos Camilo Antunes, o "Careca do INSS", lobista central no escândalo de corrupção.

As investigações da Polícia Federal e da CGU continuam avançando, impulsionadas por denúncias que revelaram o disparo na arrecadação dessas entidades, que chegou a R$ 2 bilhões em um único ano.

Fonte: Isabela Cardoso/A Tarde

Foto: Agência Senado

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