O ex-presidente peruano era investigado pela suposta trama de subornos da construtora brasileira em desdobramento internacional da Lava Jato.
O ex-presidente de Peru Alan García faleceu após ter disparado contra si mesmo quando seria detido pela Polícia em sua residência. García seria preso preventivamente no enquadramento das investigações pela suposta distribuição de propinas da construtora Odebrecht que alcançou membros do seu Governo quando ele governou o país entre 2006 e 2011. "Consternado pelo falecimento do ex-presidente Alan García. Envio minhas condolências a sua família e seres queridos”, assinalou o presidente do Peru, Martín Vizcarra no Twitter momentos depois da confirmação da morte.
Segundo comunicado do Ministério da Saúde, García ingressou no hospital de emergências às 6h45 (hora local do Peru), com diagnóstico de impacto de bala de entrada e saída da cabeça. Estavana sala de operações desde as 7h10, mas seu estado era crítico. Agentes da Divisão de Investigação de Delitos de Alta Complexidade havia ido na manhã desta quarta-feira à casa do ex-mandatário no bairro de Miraflores, na capital Lima, para cumprir a ordem de detenção que pesava sobre ele. Fontes citadas por Rádio Programas del Peru (RPP) indicaram que os agentes o encontraram já ferido, depois que ele se trancou e efetuou o disparo.
García governou o país em duas ocasiões. Entre 1985 e 1990 e entre 2006 e 2011. Ele era investigado por supostos subornos na construção de uma linha de metrô para Lima, projeto no qual estava envolvida a construtora brasileira Odebrecht. A polícia também deteve nesta quarta-feira Luis Nava, ex-secretário-geral de Presidência, e Miguel Atala, ex-vice-presidente da Petro Peru, que supostamente recebeu 1,3 milhão de dólares da gigante brasileira numa conta do banco D'Andorra. Ele teve sua saída do país proibida em novembro do ano passado, enquanto era investigado por lavagem de dinheiro, conflito de interesses e tráfico de influências no caso do concessão da Odebrecht. García chegou a pedir asilo no Uruguai, refugiando-se na cadsa do embaixador uruguaio em Lima. Mas o governo de Tabaré Vásquez negou o pedido.
Um acordo de colaboração entre a equipe de procuradores da Lava Jato do Peru e a construtora, assinado no dia 14 de fevereiro levou a novas evidência de propina distribuída entre os altos cargos no Peru. As mais recentes, divulgadas pelo meio digital IDL-Reporteros e o jornal El Comercio, comprovavam que a Odebrecht pagou ao menos 4 milhões de dólares a Luis Nava, que foi braço direito de Garcia no Palácio do Governo.
A ordem de detenção preliminar por dez dias – que os agentes cumpriam nesta manhã — foi emitida por um juiz a pedido dos fiscais da equipe especial Lava Jato. A ordem alcançava também seu círculo mais próximo em seu segundo mandato. Enrique Cornejo, então ministro dos Transportes, além de Miguel Atarra e do braço direito Luís Nava. Seriam presos a seguir os filhos de Nava e Atala, por suspeitas de terem recebido da Odebrecht em suas contas bancárias.
Fonte: Jacqueline Fowks/El País
Foto: AFP/GETTY
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