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domingo, 24 de fevereiro de 2013

O PASSADO E O FUTURO DO MARKETING POLÍTICO.

A dura realidade dos sangrentos anos de chumbo do Chile convertida em uma alegre campanha com jeito de comercial de TV. O filme chileno No, que foi exibido na abertura da Mostra de Cinema de São Paulo em outubro de 2012 e entrou no circuito comercial em janeiro, relembra o trabalho do jovem e bem sucedido publicitário René Saavedra durante o plebiscito convocado pelo então ditador Augusto Pinochet, em 1988. Em jogo, a permanência de Pinochet no poder por mais oito anos. Pressionado pela comunidade internacional, o ditador convocou a votação certo de que a opção pelo “Sí” (“sim”, em espanhol) sairia vitoriosa.
Surpreendentemente, Saavedra conseguiu vencer as resistências da esquerda que queria uma campanha tradicional e pesada e levou para a casa dos telespectadores a promessa de um futuro melhor embalada com as técnicas mais modernas do mercado publicitário daquele período. A população compareceu em massa às urnas e, em uma vitória apertada, a opção pelo “No” ( “não”), saiu vencedora. Dirigido por Pablo Larraín e estrelado por Gael García Bernal, No é o candidato chileno ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2013. O Observatório da Imprensa exibido ao vivo na terça-feira (19/2) pela TV Brasil discutiu o uso da publicidade pela política e como marketing eleitoral evoluiu durante a transição para a democracia no Brasil dos anos 1980.
Para discutir este tema, Alberto Dines recebeu no estúdio do Rio de Janeiro a cientista política Alessandra Aldé e o jornalista Nelson Hoineff. Professora e pesquisadora da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e do Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos (IESP), Alessandra estuda jornalismo eleitoral, propaganda política e cultura política. Dirigiu, com Vicente Ferraz, o filme Arquitetos do Poder. Nelson Hoineff é produtor e diretor de televisão e já trabalhou em três campanhas eleitorais. Dirigiu programas jornalísticos para as redes Manchete, SBT, Band, Cultura, TVE e Discovery. É presidente do Instituto de Estudos de Televisão (IETV). Em São Paulo, o programa contou com a presença do jornalista Juca Kfouri, que escreve para o caderno “Esporte”da Folha de S. Paulo. Kfouri participa do programa Linha de Passe e apresenta o Juca Entrevista, ambos na ESPN.
Antes do debate ao vivo, em editorial, Dines sublinhou que apenas uma vez uma sangrenta ditadura foi derrubada por uma série de comerciais de TV: “Hoje o marketing transformou-se em ingrediente obrigatório de qualquer campanha política, mas em 1988, quando a Guerra Fria chegava ao auge, era impensável enfrentar a extrema direita militar com uma série de spots publicitários alegres, animados, esperançosos para contrastar com o cheiro de chumbo que imperava no Chile”.

Fonte: Lilia Diniz/Observatório de Imprensa

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