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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

SUPLICY SUGERE A RENAN QUE DESISTA POR SIMON.

Fora da inconsciência e da loucura não há como escapar dos presságios evocados pelo clima de que ‘oba-oba’ que vigora no Senado. Entre um ‘oba’ e outro, Renan Calheiros (PMDB-AL) renuncia à presidência e recandidata-se à presidência, o certo e o errado desaparecem, surgem os conceitos de conveniente e inconveniente. Sob o clima de oba-oba é conveniente evitar o debate político. Os opositores, por inconvenientes, transformam-se em chatos que querem estragar a festa.
Velho estraga-prazeres, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) enviou aos seus 80 colegas uma carta. No texto (disponível aqui), ele exorta Renan a “abrir mão” de sua pretensão de presidir o Senado “em benefício do senador Pedro Simon (PMDB-RS)”. Refere-se a Simon, 83, como personagem que, “ao longo de sua vida política e administrativa”, jamais empurrou para dentro de sua biografia um “malfeito.”
Na sua sacrossanta ingenuidade, Suplicy escreve: “Se há um senador que seria capaz de obter o consenso entusiástico e praticamente unânime de todos os demais 80 senadores, […] é o senador Pedro Simon.” Convidado por “oposicionistas” e “independentes” a se lançar na disputa, o próprio Simon já refugou a oferta um par de vezes. Lendo a carta do amigo, deve ter perguntado de si para si: por que é que o Suplicy não vai ver se estou na esquina?
Siuplicy também recorda na carta que Renan encontra-se sob suspeita de ter incorrido em “práticas impróprias”. Coisas apuradas pela Polícia Federal e denunciadas ao STF pelo procurador-geral Roberto Gurgel. “Nós, senadores, teremos que aguardar um tempo até que haja o esclarecimento sobre todos os episódios apontados.” Se ficar constatado que “tiveram fundamento, constituem problemas sérios para quem hoje se candidata à presidência do Senado.”
É como se Suplicy, um inconveniente contumaz, quisesse recordar aos colegas a história do garoto que tinha mania de puxar o rabo do gato. Até o dia em que o gato lhe deu uma mordida e ele aprendeu a lição. Na vez seguinte, o moleque deu uma porretada na cabeça do gato antes de puxar o rabo. Nas entrelinhas de sua carta, Suplicy como que pergunta aos outros senadores: o que fará o Renan da próxima vez? Num clima de ‘oba-oba’, esse tipo de questionamento não orna com o ambiente.

Fonte: Josias de Souza

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