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domingo, 20 de janeiro de 2013

ESTATÍSTICOS ENTRAM EM CENA: CARREIRA TEM SEGUNDO MELHOR SALÁRIO.

Puxada pelo mundo digital, profissão ocupa 6º lugar no ranking das melhores carreiras, informa Ipea.

Um exame de sangue, uma pesquisa eleitoral e o Censo, à primeira vista, não têm muito em comum. Mas, olhando melhor, são itens que envolvem resultados e pesquisas e que, potencialmente, tiveram o trabalho de um estatístico por trás. Esse profissional, pouco alardeado, está à frente de muitas informações importantes. E, seguindo a lei da oferta e procura, quanto menos holofotes, mais status. Resultado: segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 48 carreiras de nível superior, a estatística é a que apresenta a segunda melhor remuneração média no país: R$ 5.416 por mês. Só perde para os médicos, com ganho médio mensal de R$ 6.940.
No ranking geral das melhores carreiras, em que também foram avaliadas taxa de ocupação, jornada e cobertura previdenciária, a estatística ocupa a sexta posição — o primeiro lugar também ficou com a medicina.
"Estamos todos afogados em números"
Segundo Marcelo Neri, presidente do Ipea, os bons salários indicam que esse profissional está em alta, com demanda maior do que a oferta. É que, impulsionadas pela globalização e pelo mundo digital, empresas e órgãos públicos começam a perceber a importância de ter um profissional especializado cuidando das estatísticas da organização. E contratam esse pessoal com salários iniciais, que, segundo especialistas, giram em torno de R$ 3 mil.
— Estamos todos afogados em números e apenas uma abordagem sistêmica consegue lidar com isso — destaca Neri. — Além disso, esse cenário reflete também o fato de que as decisões públicas e privadas no Brasil estão sendo tomadas em cima de números, e não com base em análises episódicas e pontuais. De fato, elas estão mais científicas.
Neri ressalta, ainda, que o desenvolvimento da economia brasileira e o aumento do porte de muitas companhias no país contribui para o surgimento da necessidade de se contratar mais profissionais formados em estatística.
— À medida que avança o processo de disponibilização de informações, torna-se cada vez mais necessário que empresas, de grande ou de médio porte, trabalhem com um profissional da estatística — confirma José Matias de Lima, que é professor e pesquisador em informações geográficas e estatísticas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence/IBGE), que, inclusive, de 2012 para 2013, viu crescer em cerca de 75% a procura pela carreira no vestibular. — Isso é um reflexo das demandas do mercado.
O que poucos sabem é que um estatístico pode atuar nos mais diferentes setores da economia: telecomunicações, serviços, saúde, mercado financeiro e bancário, petróleo e gás e marketing são as áreas que, atualmente, mais contratam esse tipo de profissional.
— É a grande diferença que a carreira tem: poder trabalhar com diferentes áreas do conhecimento, estando em contato com equipes multidisciplinares — aponta Matias de Lima.
Presidente do Conselho Regional de Estatística da 2ª Região (RJ/ES), Paulo Afonso Lopes acentua que a estatística ganha peso no mercado de trabalho porque companhias começam a notar com mais força como suas ferramentas podem auxiliar no processo decisório:
— Todas as empresas e profissões precisam tomar decisões. Por isso, as oportunidades para os estatísticos estão em todos os ramos do conhecimento. Seja num teste de vacinas, no lançamento de um produto, na avaliação de risco financeiro ou numa pesquisa.
Foi justamente o que atraiu Sarah Martins para a profissão. Formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora em 2011, ela hoje atua como estatística na Área de Cartões de Crédito do Itaú-Unibanco, de São Paulo.
— Eu sempre gostei muito da área de exatas, mas queria fazer algo que tivesse uma aplicação maior, por isso busquei a estatística, que tem aplicações distintas e me permitiria a atuação diversificada — conta Sarah. — Ouvia falar que era a profissão do futuro. Mas não tinha ideia de como era amplo este mercado.
Sarah começou como trainee no banco e não teve dificuldades em conseguir trabalho. O que é recorrente entre os formandos da área.
— A maioria dos alunos sai da graduação empregada. Muitos são, inclusive, efetivados durante o estágio. Não é uma carreira que forma gente que não consegue emprego. Pelo contrário — avalia Guilherme Caldas de Castro, chefe do Departamento de Estatística da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Falta marketing para que a carreira seja mais conhecida
Segundo Marcelo Neri, presidente do Ipea, a estatística, assim como a informática, é uma área em que o serviço público tem “dificuldades crônicas” para manter os profissionais.
— Nós estamos na Era da Informação. Então, essas pessoas têm sempre ofertas de empresas de fora — diz Neri, acrescentando que os problemas não param por aí. — Outra questão é que, em muitos casos, como no Ipea, por exemplo, a estatística não é a atividade fim, mas uma atividade meio, o que, talvez, faça com que alguns profissionais não se sintam tão reconhecidos.
Mas, para Neri, a tendência é que isso mude em razão do período de estabilidade econômica que o Brasil enfrenta:
— O Brasil não tinha essa tradição, a inflação corroía nossas estatísticas e encurtava nossos horizontes. Com estabilidade, conseguimos ter números melhores e perspectivas mais duradouras. Tanto as instituições públicas quanto as organizações privadas começam, de fato, a planejar. Nesse contexto, a estatística é cada vez mais relevante e tem sua importância reconhecida através do mercado.

Fonte: O Globo

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