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segunda-feira, 23 de abril de 2012

PRIMEIRA MULHER A PRESIDIR O CONGRESSO, ROSE DE FREITAS PREPARA-SE PARA DISPUTAR A PRESIDÊNCIA DA CÂMARA.

O presidente do Senado exerce também o posto de presidente do Congresso Nacional. Seu vice, no entanto, não é o presidente mas quem esteja na Vice-Presidência da Câmara.
E a vice-presidenta da Câmara é a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES).
Portanto, por força da licença médica do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), coube a uma mulher assumir pela primeira vez o cargo de presidenta do Congresso.
A deputada Rose de Freitas também acabou presidindo, na última quinta-feira, a sessão de criação da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da Câmara e do Senado que investigará o envolvimento do banqueiro do bicho Carlinhos Cachoeira com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).
Mas como pensa a primeira presidenta do Congresso Nacional? Poder Online foi ouvi-la.
Ficou claro que Rose de Freitas já elaborou até seu programa de gestão, caso seja eleita presidenta da Câmara, em vez do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN).
Ela reclama da falta de discussão interna no seu partido e mostra-se como uma forte aliada da presidenta Dilma Rousseff.
Classifica a primeira mulher a assumir a Presidência da República como “uma presidenta feminina com olhar feminista”.

Poder Online – Como a senhora está vendo essa CPI?
Rose de Freitas – A primeiro movimento, que muito me agradou, foi o de os partidos terem indicado, como seus representantes na comissão, gente muito séria, em condições de trabalhar fundo nas investigações. Isso é muito importante para o país num momento desses.

Poder Online – Mas a deputada Íris de Araújo (PMDB-GO), indicada pelo seu partido para a comissão, fez um discurso forte de ataque ao governador tucano Goiás, Marconi Perillo, a quem ela faz oposição e que é um dos alvos da CPI. Isso não indica que o critério usado pelo PMDB pode ser o de transformar a comissão num palco de vinganças regionais?
Rose de Freitas – Realmente isso é complicado. A CPI é uma oportunidade de a classe política retomar o bom convívio com a opinião pública, num momento em que o povo anda desacreditado dos políticos. Então nenhum de nós pode chegar lá com posições pré-determinadas.

Poder Online –Mas a CPI também não pode se transformar em pizza…
Rose de Freitas – Se seus membros tiverem uma postura séria, investigativa, de magistrados, sem posições pré-determinadas, ela não acabará em pizza. O povo não aguenta mais corrupção, assim como não aguenta mais essas artimanhas políticas. A CPI é uma grande oportunidade de fazer o povo acreditar novamente nos políticos, pois estamos todos, todas as autoridades em xeque. No Executivo, houve as denúncias contra os ministros, que a presidenta Dilma soube enfrentar com prontidão e isso aumentou sua popularidade. O Judiciário também tem sido alvo de denúncias. Aqui no Espírito Santo foi descoberta uma corrupção avassaladora no Tribunal de Justiça. Então essa é a hora de virar o jogo, e a CPI será importantíssima para isso.

Poder Online – E como a senhora se sente sendo a primeira mulher a presidir o Congresso?

Rose de Freitas – Já presidi em outras sessões, mas como vice-presidente do Congresso, já que o presidente, o senador José Sarney, estava no exercício do cargo. Agora estou no exercício da Presidência, pois o senador está sob licença médica. Mas, respondendo à sua pergunta, sinto-me muito orgulhosa. Sempre que uma mulher assume uma posição dessas aumenta a confiança da população nas mulheres para qualquer outro cargo.

Poder Online – É o caso da presidenta Dilma?

Rose de Freitas – A presidenta Dilma foi mais importante ainda, porque ela assumiu sem se esquecer da questão de gênero. Eu diria que, além de ser uma presidenta feminina, ela é a primeira feminista a assumir o cargo. Dilma foi buscar outras mulheres para postos de importância em seu governo, fortalecendo a luta das mulheres. A verdade é que, infelizmente, ainda temos muito poucas mulheres na política e em cargos de relevância.

Poder Online – Quando a senhora dirige sessões da Cãmara ou do Congresso sente algum preconceito dos homens no plenário?
Rose de Freitas – As sessões do Congresso são muito objetivas, não dão margem a isso. Na Câmara, no início, senti algumas vezes. Mas acho que eu soube me impor. Também tive muito apoio das demais mulheres do Parlamento. Sempre que houve alguma atitude preconceituosa, todas nós nos juntamos, contei muito com o apoio das minhas companheiras. Hoje, acho que praticamente não há mais isso. Tenho visto inclusive muitos deputados assumindo essa questão como uma luta deles também.

Poder Online – Mas houve o episódio recente do líder do governo na Câmara, o Arlindo Chinaglia (PT-SP), que a desafiou. Disse para a senhora descer da Mesa Diretora para o plenário, e que não medisse o comportamento dele pela sua régua.
Rose de Freitas – É… Foi um episódio desrespeitoso. Eu até pensei em entrar com uma representação contra ele, mas estou segurando. Tenho a fita da sessão, mas resolvi esperar para ver se o Arlindo reflete sobre o assunto e volta atrás. Ele, inclusive, foi procurado por algumas de nossas colegas. Acho que o deputado é uma figura de rompantes, mas gosto dele. Até votei no Arlindo para presidente da Câmara, quando ele acabou vitorioso. Não guardo mágoas. Apenas reflito sobre a representação porque acho que este tipo de atitude não pode ocorrer. Menos ainda com um líder do governo e com um ex-presidente da Câmara.

Poder Online – Por falar em Presidência da Câmara, a senhora é candidata?
Rose de Freitas – Na data de hoje, não. Tenho ouvido de vários partidos conversas nessa direção, mas sinceramente não estou candidata. Acho que hoje, qualquer candidatura terá que passar por uma ampla discussão de um programa de trabalho diferenciado para a Câmara.

Poder Online – Como assim?
Rose de Freitas – É preciso que a Câmara traga a população para discutir mais o país aqui dentro. Já até apresentei algumas propostas. Temos, por exemplo, as sextas-feiras sem votações no plenário. Devíamos usá-las para sessões em que os diversos setores da sociedade viessem aqui debater temas na ordem do dia do país como, por exemplo, o Código Florestal, que vai ser votado agora a toque de caixa. Tem também o problema dos projetos serem votados sem que o plenário tenha tempo para avaliá-los melhor. O relator entrega seu parecer quando quer. Os líderes se reúnem à tarde e a votação inicia à noite, varando a madrugada, com todo mundo cansado e com pressa. Não dá. E há matérias aqui que tramitam há anos sem necessidade dessa demora. Houve, há pouco, o caso do projeto que deu às avós o direito de visitar os netos. Tramitou durante 20 anos.

Poder Online – E a candidatura do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), a presidente da Câmara?
Rose de Freitas – Não tenho condições de falar sobre isso. A vaga é do PMDB e o Henrique é o líder. Mas acho que o partido carece de maiores debates. As coisas do partido não podem ficar como dadas, sem discussões. Por exemplo: quais as posições políticas do PMDB? Que posições firmes temos tomado sobre assuntos importantes? Poderíamos, por exemplo, ser o partido da construção do pacto federativo, num momento em que os governos estaduais estão endividados e o Congresso está tratando da reforma tributária em fatias, em que temos a grande polêmica dos royalties. Mas o PMDB fica, apara a opinião pública, na discussão do fisiologismo. Isso não é bandeira de partido. Não me sinto à vontade nisso. Se o partido decidir pelo Henrique Eduardo Alves, teremos então que discutir com ele nosso programa. Mas ninguém faz isso. Daí acaba que até o Henrique fica com sua candidatuta questionada e marcada pelo fisiologismo.

Fonte: Poder Online

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