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segunda-feira, 9 de maio de 2011

DEMORA PROVOCA REBELIÃO DE ALIADOS.

A demora da presidenta Dilma Rousseff para definir os cargos do segundo escalão movimenta a nau dos insatisfeitos na base aliada e provoca rebelião no PT. Na queda de braço entre as correntes petistas, um quer puxar o tapete do outro para arrumar emprego de alto gabarito e há uma contabilidade paralela para verificar qual Estado ou região emplaca mais indicações. Numa referência jocosa à Baía de Todos os Santos, o Estado comandado por Jaques Wagner (PT) é chamado por correligionários despeitados de “Bahia de todos os cargos”. A briga, hoje, é por uma cadeira na diretoria da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), presidida pelo PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
“Não estou em guerra por cargos porque essa não é a minha praia”, disse Wagner. “Agora, é inconcebível que nosso Estado não tenha pelo menos uma diretoria da Chesf sendo o maior produtor de energia do Nordeste e o maior consumidor da região.” Os baianos contam com dois ministérios (Cidades e Desenvolvimento Agrário) e as presidências da Petrobrás e da Caixa Econômica Federal (CEF).
A cúpula do PT apresentou ao governo 104 nomes para o segundo escalão, mas ainda não obteve sinal de que a fila vai andar. Dilma prometeu a Eduardo Campos que ele apadrinharia o novo presidente da Chesf. Além dos socialistas, ela também tem driblado o PT e o PMDB, sob o argumento de que os melhores nomes serão acomodados “no momento adequado”. Enfurecido, o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), foi reclamar com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), e com o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. “Assim não dá para segurar”, disse, referindo-se aos peemedebistas que, insatisfeitos, ameaçam dar o troco em votações no Congresso.
Também estão no radar dos aliados empresas como Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Eletronorte e Eletrosul, além da Sudene e do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs).
O desempregado mais ilustre do PMDB é o ex-governador da Paraíba José Maranhão. No PT, a lista inclui a ex-governadora do Pará Ana Júlia Carepa, os ex-ministros Patrus Ananias e Altemir Gregolin e as ex-senadoras Fátima Cleide e Emília Fernandes. Desde que voltou da viagem à China, Dilma não reabriu a discussão sobre cargos. Pior: no Planalto, a ordem é fazer as nomeações a conta-gotas. A estratégia é chamada de “política do tensionamento”, para obrigar os partidos a ceder nas exigências.
“Quero manter uma interlocução permanente com nosso governo”, disse o presidente do PT, Rui Falcão. “Esse entendimento é bom para todos porque, quando o governo vai bem, o PT ganha. Hoje há o recolhimento de demandas do PT e dos aliados e espero que, num prazo breve, as coisas possam se acomodar.”
Outro foco de descontentamento está no Ceará. O governador Cid Gomes (PSB) e o deputado José Guimarães (PT) apadrinharam o diretor de Gestão do BNB, José Sydrião de Alencar Junior, para a presidência do banco, mas Dilma vetou o nome.

Fonte: Vera Rosa/Agência Estado

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