O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem a intenção de promover uma grande plenária, composta por trabalhadores, sindicalistas e representantes de movimentos sociais e partidos políticos, para forçar o Congresso Nacional a aprovar uma reforma política ampla. A informação é de líderes de centrais sindicais que se reuniram nesta manhã com o petista no Instituto Cidadania, zona sul da capital paulista. “Ele acha que, se deixar do jeito que vai indo, com tantas divergências no Congresso, a tendência é de que não tenha reforma nenhuma”, disse o presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho.
Na avaliação do ex-presidente, segundo Paulinho, a tendência é ser realizada uma reforma menor que a ideal. De acordo com o deputado, Lula defendeu que, caso o Congresso não aprove uma grande reforma, será necessário realizar uma mini Assembleia Constituinte para tratar exclusivamente da questão eleitoral, com regras para 2014. “Ele acha que tem muitas opiniões divergentes no Congresso, que não há um consenso e que o ideal é que a gente pudesse mobilizar a sociedade brasileira”, disse Paulinho. “Ele avalia fazer uma plenária e, se não funcionar, acha até que deveria ser feita uma eleição para uma Constituinte exclusiva para a questão eleitoral.”
Os dirigentes sindicais informaram que o ex-presidente disse que essa plenária deve realizada nos próximos meses. No encontro, Lula defendeu, segundo os sindicalistas, o financiamento público de campanha e que a reforma política determine que eleições municipais e gerais sejam realizadas no mesmo ano, com diferença de dois meses.
De acordo com os dirigentes sindicais, o ex-presidente informou que nos próximos dias deve se reunir com lideranças dos partidos políticos que fazem parte da base de apoio do governo federal.
O encontro promovido ontem faz parte de uma mobilização do ex-presidente para quebrar as resistências do Congresso em torno da reforma política. Uma das bandeiras do PT, da qual Lula é entusiasta, é o financiamento público de campanha. No Instituto Cidadania, ele tem se encontrado com lideranças políticas e de movimentos sociais para tratar do tema. O primeiro encontro promovido pelo ex-presidente foi no dia 16, quando representantes do PT, PSB, PCdoB e PDT decidiram promover uma articulação política conjunta sobre a reforma política.
Na reunião de ontem, participaram os presidentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e União Geral dos Trabalhadores (UGT). O encontro foi acompanhado pelo ex-ministro Luiz Dulci, hoje assessor do Instituto Cidadania.
Petista programa viagens a Cuba e Venezuela
Após uma semana tentando conter a crise causada pela evolução patrimonial do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajará na próxima semana para Cuba e Venezuela. Antes da visita ao amigo venezuelano Hugo Chávez e do provável encontro com Fidel Castro, ex-presidente cubano, Lula fará uma escala nas Bahamas, onde vai palestrar para a Elektra, empresa do grupo empresarial mexicano Salinas.
O ex-presidente começará seu tour caribenho na segunda-feira (30). Mil funcionários da Elektra devem assistir a palestra remunerada do ex-presidente brasileiro. O valor cobrado pelas palestras não é divulgado pelo ex-presidente, mas estima-se que Lula ganhe entre R$ 200 e R$ 300 mil por aproximadamente 1 hora de discurso. Segundo sua assessoria, nesta palestra, ele deve defender o aumento da integração econômica entre as empresas mexicanas e brasileiras.
De Bahamas, Lula segue para Cuba, onde ficará por dois dias. Sua assessoria de imprensa informou que o encontro com Fidel ainda não foi marcado. Em seguida, o ex-presidente embarcará para a Venezuela, onde deve participar de um evento e se encontrar com Chávez. Esta é a primeira visita de Lula a estes países como ex-presidente. Sua volta para o Brasil está prevista para sábado (4).
Fonte: Tribuna do Norte
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