Relações intermediadas pela tecnologia, demora em sair da casa dos pais e banalização da atividade sexual ajudam a explicar fenômeno.
Esse crescente desinteresse pelo sexo vem sendo chamado por especialistas de “apagão sexual”. Um fenômeno que causa algum espanto em uma sociedade que tem valorizado mais a livre expressão da sexualidade e em que alguns tabus, como a virgindade antes do matrimônio ser entendida como uma virtude, tornaram-se apenas remotos. Por que, na contramão dessas dinâmicas socioculturais, o apetite para o prazer erótico parece regredir?
Na avaliação do sexólogo Theo Lerner, o acontecimento não deve ser lido como um legado do conservadorismo, mas, entre outros fatores, como um efeito do advento tecnológico, que proporcionou dois fenômenos relacionados ao declínio dos índices de interações sexuais entre pessoas jovens. De um lado, há o acesso ilimitado a todos tipo de informações, “incluindo conteúdos pornográficos, que acabam por banalizar e estereotipar a prática sexual”, diz. De outro, há a virtualização das relações promovida pelas mídias sociais.
“Neste contexto, os relacionamentos passam a ser conduzidos como um videogame, com baixa tolerância à frustração, troca frequente e rápida de parceiros e com foco quase exclusivamente na atividade sexual. Os relacionamentos, então, passam a competir com outras formas de entretenimento menos trabalhosas e frequentemente perdem esta competição”, avalia o membro da divisão de clínicas ginecológicas do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-USP). E a pandemia de Covid-19 pode também contribuir para o afastamento dos jovens na medida em que o contato interpessoal se tornou mais dificultado, o que reforçou as formas de comunicação virtuais, complementa o estudioso.
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Fonte: Alex Bessas/O Tempo
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