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segunda-feira, 1 de novembro de 2021

PF E MINISTÉRIO PÚBLICO AGORA ESCONDEM NOME DA LAVA JATO ATÉ EM FASE DA OPERAÇÃO

Pela 1ª vez em sete anos órgãos cumprem mandados ligados a escândalo na Petrobras sem mencionar caso

Após uma série de desgastes na imagem pública, do desmonte das forças-tarefas e de reações do Congresso e da Justiça, a Lava Jato agora oculta o seu nome das operações.

Pela primeira vez em mais de sete anos, as autoridades do Paraná deflagraram na última semana mandados de busca e apreensão ligados ao esquema de corrupção na Petrobras, mas não a chamaram nem de "fase" nem de "Lava Jato".
"A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (21/10), a Operação Laissez Faire, Laissez Passer. Cerca de 10 policiais federais cumprem em Niterói/RJ dois mandados de busca e apreensão expedidos pela 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba/PR no bojo do complexo de investigações que apuram crimes contra a Petrobras", disse a nota de divulgação da PF à imprensa.

Os documentos da operação, porém, mencionam claramente que a Laissez Faire, Laissez Passer é a "OP. LJ. 82". Ou seja, a 82ª fase da Operação Lava Jato. Já os documentos do Ministério Público Federal apontaram que quem trabalhava naquele caso era o "grupo de trabalho Lava Jato".

Superintendência da PF em Curitiba, onde começou a Lava Jato
Imagem aérea do prédio da sede da Policia Federal de Curitiba - Avener Prado - 17.nov.2014/Folhapress
A Procuradoria no Paraná atribui a nova nomenclatura a critérios de ligação com o núcleo originalmente alvo da operação —diferenciação que não existia anteriormente.
"O nome Operação Lava Jato continua a ser colocado quando a investigação é desdobramento do caso originário. Nas operações mais recentes, tem se evitado usar o antigo nome tendo em vista que o caso agora está sendo trabalhado por cinco ofícios [o equivalente a vara], sendo um deles o do procurador natural no Paraná."

Desde março de 2014, já foram deflagradas 81 fases da Lava Jato —sendo apenas outras 3 em 2021, em janeiro, fevereiro e junho.

A ação deflagrada no último dia 21 envolve elos antigos da Lava Jato, como negócios da Diretoria de Abastecimento da Petrobras e a delação da Galvão Engenharia. Os mandados foram autorizados pelo sucessor de Sergio Moro na vara federal responsável pelo caso, o juiz Luiz Antônio Bonat.

Um dos alvos de busca e apreensão foi o atual diretor de Relacionamentos Governamentais do Flamengo, Aleksander dos Santos. As suspeitas partiram de um delator da Galvão.
O acordo de colaboração diz que ele procurou Aleksander para intermediar pagamentos de propina em troca de destravar interesses em contratos que a empreiteira tinha com a Petrobras.
Esse pagamento, segundo ele, foi feito também a uma assessora do então deputado José Otávio Germano (PP-RS), hoje prefeito de Cachoeira do Sul, a 200 km de Porto Alegre.

Procurada pela reportagem, a defesa de Aleksander disse que ele não praticou nenhum ato ilegal e as buscas não eram necessárias. Germano não se manifestou.

Fonte: Folha de SP
Foto: Folhapress

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