Ambos faziam parte da Aliança Libertadora Nacional e tiveram seus corpos incinerados; detalhes fazem parte de depoimento ao MPF.
Durante essa semana, o ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), Cláudio Guerra, confirmou mais duas mortes de agentes de esquerda durante o regime militar: Thomaz Antônio da Silva Meirelles Netto e Issami Nakamura Okano. Ambos foram incinerados na usina de açúcar Cambahyba, localizada no município de Campos, no Rio de Janeiro.
A execução de Thomaz Netto, militante da Ação Libertadora Nacional (ANL), foi relatada durante depoimento prestado essa semana por Guerra no Ministério Público Federal (MPF) de Vitória, como parte do processo investigatório conjunto das procuradorias da República do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais sobre as mortes narradas por Guerra no livro "Memórias de uma guerra suja". O depoimento de Guerra a quatro procuradores federais durou aproximadamente 16 horas.
Segundo Guerra, Thomaz Netto, desaparecido desde maio de 1974, quando estava no Leblon, no Rio de Janeiro, foi denunciado por um “cachorro” (um espião da ditadura infiltrado nos movimentos de esquerda). O ex-delegado afirma que recebeu um chamado do coronel de Exército Freddie Perdigão (SNI - Serviço Nacional de Informações), no quartel da Rua Barão de Mesquita, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, para jogar um saco plástico preto com um corpo na usina Cambahyba.
Guerra olhou a vítima apenas ao chegar em Campos. Percebeu ser um homem que teve as unhas arrancadas, com rosto desfigurado e com várias marcas de queimaduras. “O coronel Perdigão me entregou um corpo mas esse eu não examinei e quando cheguei em Campos, abri o saco para ver quem era e percebi que era um homem aparentando ter aproximadamente 40 anos ou talvez menos e muito machucado”, relata Guerra.
Fonte: Wilson Lima/G1
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