Tenho acompanhado nos últimos tempos umas tretas envolvendo jornalistas e blogueiros potiguares que, se observadas atentamente, podem revelar uns indícios interessantes de como se dão as relações entre profissionais da imprensa.
Primeiro, um pouco de contexto. No Brasil, consolidou-se um sentimento de categoria entre os jornalistas cujo elemento central, nos últimos anos, passa pela ridícula defesa de uma tal obrigatoriedade de diploma universitário para o exercício profissional.
Jornalista é um bicho engraçado. Ele tenta, há mais ou menos uns 150 anos, justificar a existência do que faz como um campo profissional específico. Esse também é o tempo que esses profissionais tentam, sem sucesso, definir o que realmente fazem.
Pergunte para 20 jornalistas 'o que é notícia' e, se ninguém tiver lido algum livro sobre o assunto nos últimos 15 dias (o que ninguém realmente fez), você terá 20 respostas diferentes, e em várias delas esse vai ser um conceito bem frouxo – o que significa que essa deficiência não tem muito a ver com a qualidade da formação acadêmica recebida (afinal, nem todo mundo teve uma graduação fuleira como a minha).
Como resultado dessa inconsistência, tenta-se compensá-la por outros meios, como a balela ideológica de que o jornalismo é um 'serviço público em defesa do cidadão' – faceta que raramente se concretiza na prática diária. No Brasil, essa equação ganha um complemento com uma forte cultura corporativista.
Há 45 anos, a Lei de Imprensa, criada pela ditadura militar, inventou a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão. Como o regime tinha o controle sobre as universidades, era uma maneira de manter sob supervisão direta os futuros profissionais responsáveis por reportar à sociedade as ações dos generais.
A derrubada da obrigatoriedade pelo STF, há 3 anos, reacendeu o combalido espírito de luta dos jornalistas brasileiros, uma vez que salários e condições de trabalho não são problemas em nosso país.
Fonte: Posts do Exílo
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COMENTÁRIO SUJEITO A APROVAÇÃO DO MEDIADOR.