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sábado, 19 de novembro de 2011

MINISTRO TENTA ESFRIAR CRISE AO SILENCIAR SOBRE ACUSAÇÕES.

Depois de ganhar uma sobrevida da presidenta Dilma Rousseff, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, tentou ontem implantar uma agenda positiva ao anunciar os números de contratações e demissões no País. Em conversa com jornalistas falou longamente sobre os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mas irritou-se ao ser perguntado sobre as denúncias contra ele. Disse que não falaria do tema, ampliou o prazo para entregar informações prometidas ao Congresso e acabou por encerrar a conversa sem dar explicações para as perguntas ainda sem resposta em relação a sua conduta, sobretudo a respeito de suas relações com o diretor da ONG Pró-Cerrado, Adair Meira.
Para tentar montar um ambiente mais favorável, a conversa sobre emprego foi realizada no auditório do prédio da pasta e não na sala pequena ao lado do gabinete do ministro, onde acontece todos os meses. Desta forma, Lupi pode entrar e sair escoltado por assessores sem um contato mais direto com os jornalistas. O bom humor e as piadas frequentes neste tipo de entrevista foram substituídos por uma postura mais sisuda. Lupi entrou sem cumprimentar ninguém e antes de qualquer manifestação reclamou com a equipe por não ter uma televisão onde pudesse ver a apresentação preparada para a ocasião. Procurou depois amenizar o clima: "Eu não tive educação, me perdoem", disse concluindo a frase com um bom-dia aos presentes.
Durante cerca de 20 minutos ele falou sobre os dados do emprego, que, aliás, não são tão favoráveis e mostram desaceleração. Usou até números relativos ao início do governo Lula para tentar vender boas notícias sobre o tema. A primeira pergunta sobre a crise política, porém, provocou uma reação imediata: "Não vou falar de crise, preciso trabalhar". Depois disso, salvo por algum esclarecimento pontual de dados do Caged, o ministro não conseguiu prosseguir com a entrevista. Lupi acabou até falando sobre a crise ao prometer enviar até terça-feira para o Congresso a prestação de contas da ONG Pró-Cerrado, onde, segundo a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), poderia estar a explicação de quem pagou o voo do ministro pelo Maranhão. O Ministério nega que a nota do voo esteja nesta prestação de contas, como sugeriu a senadora.
Lupi deixou a sala da entrevista sob diversos questionamentos a respeito da crise política. Sem responder a nenhum, ele repetia apenas "Caged, Caged, Caged" ao deixar a sala da entrevista, escoltado por assessores. A tentativa de uma volta à normalidade fracassou, mas a estratégia de mostrar eficiência serviu pelo menos para reduzir o número de frases de efeito do ministro.

Fonte: Agência Estado

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