As prisões de hoje mostram que o foco da Lava-Jato nunca foi um partido ou uma tendência política, mas sim a corrupção. Mostram também que o presidente Michel Temer pode ter conseguido livrar-se no Congresso de duas denúncias feitas pela Procuradoria-Geral da República, mas não se blindou contra as investigações. E o processo não está para ser arquivado.
Foram presas pessoas do entorno do presidente, amigos de longa data como José Yunes e o coronel da reserva João Batista Lima Filho. Além de empresários ligados ao setor de portos, área na qual há suspeitas de corrupção. Foi preso também Wagner Rossi que é outro desses elos entre vários governos. Ele foi ministro da agricultura nos governos Lula e Dilma e é pai do deputado Baleia Rossi que é líder do MDB na Câmara.
Uma das linhas de investigação em torno do presidente Temer é um velho processo que correu na Vara de Família de Santos, em que a ex-mulher de um diretor do Porto de Santos Marcelo Azeredo disse que ele recebia propina em dinheiro vivo e que era um indicado do então deputado Michel Temer. Esse caso foi desarquivado agora porque a polícia procura indícios de que desde aquela época um grupo de pessoas ligadas ao presidente Temer já estava envolvido em corrupção. São fatos que ocorreram antes de ele ser presidente, portanto não poderiam ser investigados. Mas se são as mesmas pessoas que, desde aquela época, estão envolvidas e permanecem ligadas ao presidente, as provas se tornam válidas.
Há outras linhas de investigação e as prisões de hoje mostram que a PF está com indícios sólidos o suficiente porque os pedidos de prisão foram repassados pela Procuradoria-Geral da Repúblicas e determinadas pelo ministro Roberto Barroso.
A Lava-Jato parece às vezes cercada pelos que tentam abafá-la mas ela sempre reaparece e com esta coerência: é uma operação de combate à corrupção esteja onde estiver.
Fonte: Miriam Leitão/O Globo
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