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terça-feira, 4 de março de 2014

A CEM DIAS DA COPA, BRASIL ACUMULA MICOS E PROMESSAS NÃO CUMPRIDAS.

Trem-bala Rio-SP, uso de dinheiro público, sumiço de Ricardo Teixeira, desentendimentos com a Fifa... Relembre problemas da organização do Mundial desde a escolha do país como sede.

Faltam 100 dias para a Copa do Mundo, e o antes distante 12 de junho de 2014, data da partida de abertura entre Brasil e Croácia, se aproxima rápido. Foi em 30 de outubro de 2007 que o País ganhou da Fifa o direito de sediar o torneio, e não faltaram promessas do COL (Comitê Organizador Local) e do Governo Federal para que essa fosse considerada a “Copa das Copas”. Entre os compromissos estavam a construção de um trem-bala entre Rio de Janeiro e São Paulo e o não uso de dinheiro público.
Mas não foi bem assim. Percalços como atrasos em obras de estádios, mortes de operários e desentendimentos com a Fifa atrapalharam o cronograma, e agora o Brasil corre para que (quase) tudo esteja pronto. É nessa contagem regressiva para o Mundial que o iG Esporte lista uma série das promessas não cumpridas e outros micos acumulados ao longo dos últimos 2.217 dias:
Copa da iniciativa privada
Em dezembro de 2007, o então ministro do Esporte Orlando Silva prometeu que não haveria “um centavo de dinheiro público para os estádios”. Ricardo Teixeira, na época presidente da CBF, escreveu em artigo ao jornal Folha de S.Paulo dizendo que 2014 seria a "Copa da iniciativa privada".
Porém, de acordo com a CGU (Controladoria-Geral da União), dos R$ 8 bilhões destinados às construções e reformas, somente R$ 820 milhões vêm da iniciativa privada. A Arenas da Amazônia, em Manaus, e a Arena Pantanal, em Cuiabá, são totalmente bancadas com dinheiro público, por exemplo. A Arena Corinthians, em São Paulo, está sendo concebida graças a incentivos fiscais da Prefeitura de São Paulo.
Os principais financiadores das obras são o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e a Caixa Econômica Federal, que atuam com empréstimos. Mais de R$ 4 bilhões em empréstimos foram assumidos por estas instituições.
Custo das obras dispara
Levantamento técnico feito pela Fifa em 2007, época em que o Brasil foi escolhido como sede, falava em US$ 1,1 bilhão (R$ 2,8 bi) como preço total dos estádios. Hoje, segundo a Matriz de Responsabilidades, documento que registra a movimentação financeira na Copa, a estimativa é de um gasto de R$ 8 bilhões, a maior parte, como explicada acima, de dinheiro público.
“Não se faz Copa com hospitais”
Em uma das maiores gafes de todo o processo de organização da Copa, o ex-atacante Ronaldo, membro do COL, foi questionado em dezembro de 2011 se não seria melhor destinar para setores como saúde e educação a verba que estava sendo usada na construção de estádios. A resposta não pegou bem: “Está se gastando dinheiro com segurança, saúde, mas sem estádio não se faz Copa. Não se faz Copa com hospital. Tenho certeza de que o governo está dividindo investimentos”.
Trem-bala Rio-São Paulo
Garantido pela então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff em 2007, a obra não saiu do papel. Em agosto do ano passado, o Governo Federal adiou pela terceira vez o leilão para concessão do projeto. O argumento foi de que, com as manifestações populares de junho, não era uma boa ideia investir no projeto. A solução, como muitas outras, ficará para depois do Mundial.
Aeroportos inacabados
Principal aeroporto do Brasil e operando acima do limite de sua capacidade, Cumbica irá receber 1.973 voos extras durante a Copa, e seu novo terminal, que deverá ser entregue pouco antes do torneio, será praticamente ineficaz. Isso porque somente 11 das 25 companhias previstas para operar na área irão utilizá-la antes do Mundial. As demais, somente depois. Para preocupar ainda mais, na última semana o local sofreu um apagão de 20 minutos que interrompeu momentaneamente pousos e decolagens, deixando o receio de que algo semelhante, ou pior, aconteça durante o Mundial.
Em Fortaleza, no Ceará, é certo que a reforma do aerporto não ficará pronta a tempo, e será implantado um terminal provisório feito de lona ao custo de R$ 3,5 milhões. Já a situação de Cuiabá é ainda mais delicada por conta do atraso. “Não tem plano B”, disse Wellington Moreira Franco, ministro da Secretaria de Aviação Civil.
Valcke e o "chute no traseiro"
O secretário-geral da Fifa Jérome Valcke se tornou persona non grata no Brasil em março de 2012 depois de dizer que o País merecia um "chute no traseiro" por conta dos atrasos em obras e falhas na organização da Copa. O ministro do Esporte Aldo Rebelo falou que o governo não lidaria mais com Valcke, mas a bronca durou somente poucos dias. O francês acabou perdoado e segue como homem forte da Fifa em assuntos sobre o Mundial.

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Fonte: Pedro Taveira/iG
Foto: Gazeta Press

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