O GIGANTE ACORDOU MAL HUMORADO.

O Gigante acordou. E acordou mal humorado.

O Brasil Gigante que dormia, que passou anos se espreguiçando, ensaiando pular da cama e dar um grito, resolveu levantar.

E dar o grito.

Botar pra fora todo o mau humor que foi se acumulando na pastinha do orçamento do mês, junto às contas de água, luz, transporte público, telefone com internet (ninguém mais vive sem), e a conta do cartão de crédito com as compras do supermercado, empurrando mês a mês como uma bola de neve…

Botar pra fora todo o mau humor que foi se acumulando na gorda conta do cartão de crédito, nos altos impostos pagos, mas sem retorno, no caro plano de saúde sem médicos credenciados, nos salários dos empregados…

O Gigante levantou da cama com edredons e almofadas, levantou da rede puída, do colchão no chão…

O grito alto de cada um se misturou.

Nas ruas do Brasil não havia pobres e ricos. Havia povo.

E todos com o mesmo sentimento: de revolta.

O grito do rico pode trazer a boa educação para a escola do pobre. E o grito do pobre pode baixar o alto imposto pago pelo rico.

O movimento mostrou ao Brasil e aos seus governantes, que juntas, as classes, apesar de diferenciadas por letras e contracheques, são iguais.

Até porque o voto que chega às cabines eleitorais de carro importado, ou de ônibus, bicicleta, a pé…tem o mesmo peso.

Grito e voto, cada um tem o seu, e quando se juntam, não há diferença.

A hora é dos governantes refletirem.

O Gigante adormecido abriu portas para muitos estragos. Porém, acordado, pode causar um estrago ainda maior.

É hora de cuidar bem desse Gigante.

Fonte: Thaísa Galvão