A crise no setor jornalístico é única. Não se trata de uma crise em que a continuidade ou não da atividade está em jogo, mas da necessidade de encontrar e implantar transformações para a indústria jornalística. Esta foi a conclusão das quatro primeiras palestras no primeiro dia do Seminário Internacional de Jornais, promovido pela International Newsmedia Marketing Association (INMA) em São Paulo. O encontro prossegue hoje com mais seis apresentações envolvendo representantes de jornais da América Latina, Estados Unidos e Europa. A TRIBUNA DO NORTE é um dos quatro jornais do Nordeste brasileiro participando do evento. Estão lá os diretores Ricardo Alves (administrativo) e Carlos Peixoto (redação).
A segunda conclusão a que se pode chegar, a partir das informações dos palestrantes, é que o estágio do processo de transformação que se impõe a indústria jornalistica é diferente em cada parte do mundo. No Brasil, com base em dados de pesquisa recente, o vice-presidente da INMA, Marcelo Benez, disse que a questão atual diz respeito a como os grupos e empresas que lidavam apenas com jornalismo impresso adaptarão conteúdo às novas plataformas. "O jornalismo impresso precisa adaptar a oferta de conteúdo às novas necessidades do público. Esta adaptação passa pelo atendimento ao leitor em vários níveis de disponibilidade de tempo, do metrô ao escritório. Precisa-se oferecer conteúdos em várias plataformas".
Anette Novak, editora chefe do Norran, jornal do norte da Suécia, reforçou a impressão de que esses desafios oferecem mais oportunidades que ameaças. Para ela, a questão resume-se ao entendimento que os jornais deverão ter da revolução cultural representada pela geração Y, a geração nascida sobre o signo da era digital e que está crescendo conectada à internet. "Não adianta tentar alcançar a geração Y seguindo o dinheiro. É preciso seguir os corações, tentar ver as coisas de forma diferente como a própria geração Y está vendo o mundo".
"Seguir o coração" dos leitores, segundo Anette, implica repensar conceitos até então objetivos para a indústria jornalística. Um deles é que a notícia não é mais o único produto dos jornais. Outro é que os conteúdos jornalísticos não são mais entregues aos leitores de uma região geográfica definida e limitada. Notícias são como commodities e o conceito de circulação e conteúdo mudou com as redes sociais.
O segredo, incrementado por Annete no jornal Norran, é aproximar-se da comunidade do mercado de consumidores. "Precisamos oferecer segurança, apoio e valorização local. Não podemos ser apenas fornecedores de notícia. É preciso abrir-se para a comunidade". Nesta abertura, segundo ela, as gerações não perderão o seu papel. Esta abertura não implica necessariamente que os leitores entram no jornal, decidem e escrevem as notícias. Eles entram para ajudar e participar."É uma parceria, não uma transferência de tarefas ou responsabilidades que cabem aos jornalistas", disse Annete.
Fonte: Tribuna do Norte
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