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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

LIXO HOSPITALAR NÃO TEM COLETA EM 60% DAS CIDADES DO RN.

No Rio Grande do Norte, cerca de 60% dos municípios (98 de 167) envia o lixo hospitalar para lixões a céu aberto. A média fica bem acima da regional (11,5%) e da nacional (15,4%). Os riscos dessa prática são potencialmente distribuídos para toda a população, não se limitando a catadores de resíduos ou a quem sobrevive de reciclagem de material. O incidente com o Césio 137 em Goiania, no ano de 1987, ilustra bem as possibilidades de danos que existem por trás do descarte do lixo proveniente de hospitais, unidades de saúde, clínicas e necrotérios sem o devido cuidado e procedimentos previstos. Em setembro daquele ano, Roberto Santos Alves e Wagner Mota Pereira, catadores de sucata, entraram nas antigas instalações do Instituto Goiano de Radioterapia, em Goiás, e saíram carregando um cilindro de ferro de mais de cem quilos. Eles tentaram abrir o cilindro com uma marreta durante uma semana. Depois, venderam o cabeçote de uma bomba de Césio 137, usada em tratamento de câncer, para Devair Alves Ferreira, dono de um ferro-velho. Devair violou o lacre e encontrou uma pedra azul no interior do cilindro. Ofereceu a 'joia' à mulher, distribuiu pequenos pedaços entre vizinhos e parentes. Pelo menos, onze pessoas morreram, 250 se contaminaram e 600 entraram para o grupo de risco em função do 'espalhamento' do Césio 137.
No Brasil, cerca de 60% dos resíduos de saúde coletados são descartados de maneira inadequada, em locais impróprios, trazendo risco à saúde pública, segundo a Associação Brasileira de empresas de Limpeza Pública (Abrelpe). Clébio Azevedo, diretor da Serquip no RN - recentemente vendida para a Sterecycle e única autorizada a tratar o lixo hospitalar do estado - acredita, entretanto, que o índice no RN seja menor. Segundo ele, 80% dos 'resíduos de serviços de saúde' produzidos pelo estado são incinerados pela empresa.

Segundo a Abrelpe, cerca de 2,3 mil toneladas de lixo hospitalar são recolhidas por ano no RN. A quantidade representa 1% de todo lixo hospitalar recolhido no País. Os dados são do Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil - 2010. O percentual de municípios que enviam lixo hospitalar para lixões a céu aberto no Rio Grande do Norte - quase quatro vezes maior que o do Nordeste e o do Brasil - preocupa, afirma Maria Auxiliadora Barros, do Departamento de Serviços de Saúde, da Subcoordenadoria de Vigilância Sanitária do RN (Suvisa/RN). "O descarte de resíduos de serviços de saúde de forma inadequada e em locais inapropriados pode ferir e infectar catadores e poluir o meio ambiente", explica.
A Suvisa, explica Auxiliadora, fiscaliza os hospitais potiguares com frequência. Quando detecta alguma irregularidade, autua e exige que o hospital dê o destino correto aos seus resíduos. O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), por sua vez, diz fiscalizar a unidade de tratamento da Serquip, única autorizada a atuar no ramo.
Dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico mostram que 63% dos municípios brasileiros possuem coleta de resíduos de serviços de saúde. Deste total, 18% utilizam algum tipo de tecnologia de tratamento; 36% queimam o lixo hospitalar a céu aberto e quase 35% não adotam qualquer tipo de tratamento. "Estudos de saneamento ambiental indicam uma carência de utilização das técnicas corretas de disposição dos resíduos em solo", afirmou o técnico da Gerência de Infraestrutura em Serviços de Saúde da Anvisa, Luiz Carlos da Fonseca e Silva, ao Portal Saúde, do Ministério da Saúde.

Fonte: Andrielle Mendes

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