O PMDB deflagrou um amplo processo de renovação de quadros para se fortalecer para o confronto com o PT em 2012. Isso com foco principal em São Paulo. Mas o esforço para atração de novos e velhos talentos - já que a estratégia contempla a refiliação de ex-peemedebistas - amplia-se a outros Estados, como Bahia, Mato Grosso do Sul, Paraná e Goiás.
Em São Paulo, as recentes filiações do deputado federal Gabriel Chalita e do presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que trocaram o PSB pelo PMDB, robusteceram o partido para as eleições municipais, depois da morte do ex-governador Orestes Quércia. O PMDB vê em Chalita um nome competitivo para a Prefeitura de São Paulo, fato que já foi publicamente reconhecido pelo presidente do PT, deputado Ruy Falcão.
Mas a ambição do PMDB em São Paulo vai além da capital: o partido tem como meta eleger o maior número de prefeitos nos 21 municípios paulistanos com mais de 200 mil eleitores. Uma das novas aquisições foi o ex-prefeito de Sorocaba e ex-deputado Renato Amary, que trocou mais de 20 anos no PSDB pelo PMDB de Michel Temer. Com Amary, o PMDB pretende arrebatar a Prefeitura de Sorocaba, município com mais de 400 mil eleitores.
A estratégia de fortalecer o partido em São Paulo combina, ainda, o retorno de velhos caciques, como o ex-governador Luiz Antonio Fleury, e a atração de famosos, como o cirurgião plástico Charles Yamaguchi, que o partido pretende lançar candidato a vereador. São Paulo tornou-se o foco desse processo de renovação pela necessidade de preencher a lacuna deixada por Orestes Quércia, já que o diretório paulista ficou órfão de caciques. Mas a estratégia alcança outros Estados - com menor impacto para não ameaçar as lideranças locais.
É o caso da Bahia, em que o presidente do PMDB estadual, o ex-ministro da Integração Regional Geddel Vieira Lima lidera o esforço para refiliar o radialista e ex-prefeito de Salvador Mário Kertész. Ele foi prefeito biônico da capital baiana entre 1979 e 1981, nomeado por Antonio Carlos Magalhães (PFL). Depois rompeu com o "carlismo" e elegeu-se pelas urnas em 1986 pelo PMDB. Derrotado nas eleições para o governo da Bahia em 2010, Geddel - agraciado com uma vice-presidência da Caixa Econômica Federal - não quer disputar as eleições municipais e aposta em Kertész como cabeça-de-chapa para retomar o comando da prefeitura de Salvador, depois do rompimento com o prefeito João Henrique, que deixou o partido.
Também em Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, a estratégia é trazer de volta uma liderança peemedebista, o deputado federal Edson Giroto (PR). Há oito anos no comando da capital, com o peemedebista Nelson Trad Filho à frente da prefeitura, o partido aposta na eleição de Giroto, que foi secretário de Obras do governador André Puccinelli (PMDB).
A pedido do próprio Puccinelli, Giroto migrou para o PR para que o remanejamento das forças políticas garantissem a reeleição de Puccinelli em 2010. Agora, o PMDB o quer de volta para assegurar que o comando da capital continue com o partido. O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), encabeça ao lado de Puccinelli os esforços para refiliar o ex-secretário. "O Giroto foi do PMDB muito tempo, o ideal é que ele volte ao partido", defende o dirigente.
No Paraná, o PMDB intensificou o assédio para trazer o ex-deputado federal Gustavo Fruet, que se desligou do PSDB. Fruet analisa convites com vistas à disputa pela prefeitura de Curitiba. O PDT deve lhe garantir o melhor espaço, enquanto o PMDB abriga uma disputa local pouco convidativa, em que os ex-governadores Roberto Requião e Orlando Pessuti disputam o comando do partido.
Por fim, em Goiás, o PMDB trouxe do PR o ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso. Ele ficou em terceiro lugar nas eleições para o governo, com expressivos 502 mil votos (16,6% do eleitorado). Vanderlan não ameaça a liderança do ex-governador Iris Rezende, há mais de 50 anos no comando do PMDB goiano, porque é um nome do partido para disputar o governo em 2014 - quando, cogita-se, Iris não disputará mais eleição.
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