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domingo, 13 de novembro de 2022

MILITARES QUEREM MANTER PRESSÃO SOBRE GOVERNO LULA, DIZ ANTROPÓLOGO

Os grupos de bolsonaristas em camisas da seleção brasileira acampados à beira de quartéis não levarão as Forças Armadas a dar um golpe no governo eleito, como os manifestantes desejam, mas servem para manter os militares com cacife para pressionar o governo de Luiz Inácio da Silva. São como um espantalho, diz Piero Leirner, professor de Antropologia da Universidade Federal de São Carlos e pesquisador das Forças Armadas e da guerra. 

É nesse contexto, acredita Leirner, que deve ser analisada a nota oficial divulgada na sexta-feira (11), com a assinatura dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

"Os militares têm todo o interesse em manter esse espantalho durante quatro anos do governo do Lula", analisa o antropólogo, em entrevista à coluna. "Eles não vão querer sepultar isso que virou uma espécie de capital político grande que os militares têm. Então, a nota alimenta essas expectativas". 

Leirner desmente a crença geral de que os militares abertamente bolsonaristas do governo são uma minoria descolada do pessoal da ativa. Para ele, a ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência é resultado de uma estratégia das Forças Armadas, como bloco.

O objetivo dos fardados agora é manter o controle da situação sem que precisem recorrer a uma quartelada. 

Nessa conjuntura complexa, o antropólogo cita procedimentos que podem ajudar a esfriar a relação de Lula com as Forças Armadas, a começar por deixar de lado a ideia de mexer nos currículos das escolas militares e não interferir na dinâmica de promoção dos oficiais generais.

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Fonte: Chico Alves/UOL

Foto: Marcos Corrêa/PR

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