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segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

PIÑERA, O BILIONÁRIO QUE RECONDUZIU A DIREITA AO PODER NO CHILE.

Empresário, com fortuna avaliada em US$ 2,7 bilhões, teve que dobrar caráter impulsivo para ganhar confiança do eleitorado.

O bom faro para os negócios o levou a se tornar um dos homens mais ricos do Chile e sua persistência a ser o primeiro presidente de direita em quase 50 anos. O empresário Sebastián Piñera reconduziu a direita ao poder no país. Ao consegui-lo, será o único político de direita a governar o Chile em duas ocasiões, ao final de um longo caminho que sempre trilhou junto ao manejo de seus negócios, que o levaram a ter hoje uma fortuna avaliada em US$ 2,7 bilhões, segundo a revista “Forbes”.
Piñera transitou por uma linha tênue que se confunde entre a gestão de seu patrimônio e os deveres de um homem de Estado, e teve que dobrar o seu caráter impulsivo para ganhar a confiança do eleitorado de centro-direita.
— Não pode se dedicar a ganhar dinheiro e governar o país. Ou um, ou outro — acusou o candidato governista Alejandro Guillier, adversário derrotado no segundo turno da disputa presidencial.
Quando chegou em 2010 à Presidência, aos 60 anos, depois de duas décadas de carreira política e quatro eleições presidenciais na bagagem, dilatou a venda de ações de uma emissora de televisão, da companhia aérea LAN — agora Latam, após a fusão com a brasileira TAM — e o time de futebol Colo-Colo.
— Na vida nem sempre fazemos o que queremos e, pelas razões que vocês sabem, tomamos a decisão de vender o Colo-Colo — disse Piñera, justificando essa operação que lhe deu rendimentos de US$ 7,4 milhões.
Enquanto era presidente, houve uma disputa marítima entre Chile e Peru no Tribunal de Justiça de Haia, e uma de suas empresas comprou ações da companhia peruana de pesca Exalmar, que se beneficiou da sentença internacional que modificou a fronteira entre os dois países, somando cerca de 22 mil quilômetros de mar para o Peru. Foi recentemente descumprida pela Justiça chilena.
Em 2009, Piñera conseguiu romper com décadas de hegemonia de governos de centro-esquerda — havia sido derrotado por Michelle Bachelet em 2005 — para alcançar a presidência do Chile após ser deputado e senador, liderando, depois do retorno à democracia, a renovação da direita com a chamada “Patrulha juvenil”. Suas promessas de uma nova forma de governar logo desmoronaram. A realidade se impôs: governar um país não é o mesmo que administrar empresas.
— Ele se deu conta de que foi muito mais complexo do que pensava. Seu período no Palácio de La Moneda o fez aprender que as coisas são mais difíceis — explicou uma de suas biógrafas, a jornalista Bernardita del Solar.
Devido a tropeços e às piadas públicas por conta de seus erros frequentes ao citar dados históricos, compilados pelo semanário “The Clinic” nas chamadas “Piñericosas”, Piñera se manteve moderado nesta campanha de reeleição, traçada desde o dia em que deixou La Moneda com 50% de apoio.
Após a irrupção do candidato de ultradireita José Antonio Kast, abandonou o desejo de emergir como líder de uma direita renovada e democrática, distante da ditadura de Augusto Pinochet, da qual sempre foi crítico.
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Fonte: AFP/Globo
Foto: Ivan Alvarado/Reuters

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