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quinta-feira, 30 de maio de 2013

DECISÃO DO SENADO FAZ GLEISI E RENAN BATEREM BOCA AO TELEFONE.

Negociação sobre MPs explicitou relação cada vez mais delicada entre PMDB e Planalto.

A relação conflituosa do governo com setores do PMDB chegou nas últimas horas ao gabinete do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), por causa da sua decisão de não votar a MP da redução das tarifas de energia elétrica. Irritada com essa decisão, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, atropelou Renan e passou a negociar diretamente no Ministério das Minas e Energia uma solução alternativa, provocando uma reação do presidente do Senado. A terça-feira terminou com uma conversa duríssima da ministra com Renan, que não aceitou ser atropelado e desligou o telefone. Na quarta-feira, o clima era de guerra, e o vice-presidente Michel Temer teve de entrar para tentar apagar o incêndio.
Na véspera, enquanto Renan negociava à tarde com os líderes uma saída honrosa, Gleisi tentou uma solução por outros caminhos. Por volta das 19h, Renan recebeu uma ligação de Gleisi, e o clima ficou pesado. Quando ele começou a falar do resultado da reunião, ela cortou:
— Não precisa mais! Já acertei tudo o que vamos fazer com a Marta Lyra (chefe da assessoria parlamentar do Ministério das Minas e Energia).
— Como assim, acertou com a Marta Lyra? A senhora enlouqueceu? Está confundindo as coisas, não está entendendo a dimensão do que é o Legislativo! — reagiu Renan, travando um diálogo áspero e desligando o telefone.
Ainda na quarta-feira, Renan voltou a alertar:
— Eu fiz questão de indicar soluções. Mas as pessoas que estão próximas à presidente Dilma precisam ter dimensão do funcionamento das instituições.
Mesmo com o acordo sendo anunciado no Planalto, o clima entre os aliados no Senado era de tensão durante todo o dia de ontem.
— Teve uma ligação da Gleisi muito ruim para o Renan. Ela peitou, e ele desligou o telefone — contou um líder que participou das negociações.
— Foi um telefonema num tom muito firme. Mas, como são dois senadores, nada que tenha passado dos limites — confirmou um ministro.
‘Algo não está bem’
Depois de falar com a imprensa, Gleisi se reuniu com a presidente Dilma Rousseff e os ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais), quando, segundo relato de interlocutores, ela tentou culpar Renan pela queda da MP da energia, mas Dilma lembrou que ele foi firme na votação da MP dos Portos e estava querendo ajudar.
Ao longo da quarta-feira, Renan participou de várias reuniões com colegas do PMDB — os senadores Vital do Rêgo (PB) e Romero Jucá, e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) — e com o líder do PTB, Gim Argello (DF). À noite, o grupo foi dizer a Temer que não existe articulação política e apelou a ele para que interceda junto à presidente.
— Houve um estresse. Mas a presidente, para nossa satisfação, reagiu de forma muito positiva e disse que entendia a posição do Renan, que ele foi fundamental na MP dos Portos — disse Vital depois da reunião com Temer.
No Planalto, interlocutores de Gleisi tentaram minimizar a crise. Justificavam que ela foi surpreendida terça-feira, enquanto negociava com líderes, pela fala de Renan de que não votaria a MP da energia.
— Não estou aqui para tapar o sol com a peneira, há uma realidade que temos que enxergar, temos de cuidar dela. Não é possível, com 420 deputados da base, não conseguir colocar 257 em uma sessão decisiva. Tem que se buscar razões, tirar lições para não passar nas próximas por esse vexame. Não adianta dizer que está tudo bem, porque algo não está bem — analisou o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN).

Fonte: Maria Lima; Paulo Celso Pereira e Júnia Gama/O Globo

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