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sábado, 2 de janeiro de 2021

O DESALENTO DE ANO NOVO DOS MÉDICOS QUE ENFRENTAM A COVID-19

Dois relatos dados a CartaCapital mostram o que se enfrentou nas UTIs e enfermarias; 'Agora, está muito mais estressante trabalhar', revelam

“Eu fui dar a notícia do óbito de um rapaz, um cara jovem, sem doenças. O sogro dele, um senhor idoso, estava com uma máscara do Bolsonaro fazendo arminha. Quando eu contei a notícia do óbito, com todo aquele clima de consternação, ele ficou bem alterado. Ele falou que isso tinha acontecido porque o paciente não fez o tratamento precoce. Porque o Mandetta não deixou mais ninguém fazer. E que, se ele visse o Mandetta, era capaz de dar um tiro nele.”

Médicos, enfermeiros, auxiliares, fisioterapeutas, agentes de saúde e mais uma gama de profissionais ditos “da linha de frente” contra a Covid-19 ficaram em destaque ao longo de 2020. No início, ainda existiam manifestações de respeito e decoro. Palmas nas janelas, relatos marcantes de dias nebulosos em frente ao desconhecido. No entanto, mais de 195 mil vidas perdidas para o coronavírus no Brasil depois, o tom mudou.

O relato acima veio do médico reumatologista João Alho, que atua como intensivista em um hospital público em Santarém, no Pará, desde o início da epidemia de Covid-19 no Brasil. Lá, a segunda onda do coronavírus ainda não é uma realidade gritante como em São Paulo, onde trabalha outro médico que conversou com CartaCapital para esta reportagem de relatos de quem precisa lidar com as consequências do aumento do número de casos.

“Agora, trabalhar está muito mais estressante, porque temos também a demanda dos casos não graves. Não tem mais hospital da campanha, não existe a preocupação de que o hospital possa ser um foco de transmissão se você está com um sintomas leves, com uma tosse há um dia. Os serviços estão lotados e a gente está muito sobrecarregado de uma maneira geral”, relata Ricardo Mastrangi, médico residente no Hospital Emílio Ribas, referência em epidemiologia no País.

Encontrar um culpado é tarefa impossível, mas a situação também não pode ser observada fora do show de horrores que tomou os noticiários ao longo do ano: as insistências do presidente Jair Bolsonaro de que a Covid-19 seria uma “gripezinha” ou de que todos se conformassem com a morte, o desincentivo para o “fique em casa”, a aposta em remédios sem comprovação científica. A lista jamais deixou de ser atualizada.

Mastrangi relata que pacientes chegavam “dizendo que a prima da irmã da tia tomou hidroxicloroquina, ivermectina, está tomando corticoide e também quer tomar.” Mesmo assim, o cuidado dos profissionais foi capaz de contornar a maioria das situações. 

“Com pessoas mais hostis, acabamos percebendo que não tem o que fazer. Não que eu me renda às demandas, justifico dizendo que não sou o médico do primo ou do presidente da República. E aí eu sinto que a gente ainda consegue ter controle”, relata. 

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Fonte: Giovanna Galvani/Carta Capital

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