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quinta-feira, 24 de maio de 2018

GREVE DOS CAMINHONEIROS MOSTRA COMO É FÁCIL PARAR UM PAÍS SEM GOVERNO.

A paralisação dos caminhoneiros é, a princípio, legítima. Nasceu do descontentamento real de autônomos, que possuem seus veículos e prestam serviços, com os aumentos do diesel e com a política de preços da Petrobras – que flutua de acordo com o preço internacional dos derivados do petróleo. Isso leva a aumentos, de uma hora para outra, no custo do frete e reduz a margem que fica para o caminhoneiro.
Ela conta com o forte apoio de empresas de transporte de cargas, contudo. Ou seja, há uma greve de trabalhadores junto com um locaute de empresas interessadas no corte de custos e aumento de lucros. O governo – se governo fosse – garantiria que patrão que usa grevista acabaria devidamente punido. Conversei com dois caminhoneiros, que vivem na região Sudeste do Pará e pediram para não serem identificados. Contaram que insatisfações estavam sendo lentamente cozidas, há tempos, nos grupos de WhatsApp com outros colegas. A concorrência é grande, o valor pago pelo frete pequeno, o que sobra para bancar a família, quase nada. Um detalhe não tão pequeno: Da mesma forma que a bateção de panelas pró-impeachment surpreendeu quem não estava inserido em grupos de mensagens com antipetistas, a maioria de nós não tinha ideia de que havia tal movimentação de caminhoneiros dado o caráter fechado da rede. Isso torna mais difícil detectar as outras insatisfações que estão prestes a estourar. O governo Michel Temer, porém, não pode ser acusado de ter sido surpreendido. Recebeu avisos de entidades representativas da categoria de que sua batata estava assando. Mas preferiu, como sempre, fazer a egípcia e ignorar. A Petrobras está sendo pressionada a abrir mão de parte de seu lucro e contabilizar mudanças no preço dos derivados de petróleo ao longo de, por exemplo, um semestre, entregando datas previsíveis para reajuste. Por mais soviético que isso possa parecer, já funciona de certa forma com o gás de cozinha. A possibilidade para o diesel já aterroriza os acionistas da empresa, que temem voltar a uma situação de controle artificial dos preços presente no governo passado. As ações preferenciais da companhia operavam com queda de 14%, às 10h20, desta quinta (24).
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Fonte: Blog do Sakamoto
Foto: Everaldo Silva/Futura Press

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