Até comandantes que moram em imóvel da corporação ganham benefício.
Enquanto ainda se discute que recursos financeiros vão garantir a intervenção federal na área de segurança do Rio, a Polícia Militar, que vem sofrendo com as péssimas condições de sua frota, gastou, em apenas um mês, em 2017, R$ 4,8 milhões em auxílio-moradia a oficiais de alta patente. Se for considerado que o mesmo valor foi pago ao longo do ano, o montante chega a R$ 58 milhões, quantia três vezes maior do que a desembolsada esse mês para a compra de 290 viaturas novas.
Os 2.365 oficiais de alta patente (capitães, majores, tenentes-coronéis e coronéis) que recebem o auxílio-moradia têm salários brutos entre R$ 7,8 mil e R$ 49,4 mil, de acordo com uma planilha de pagamentos da PM a qual O GLOBO teve acesso. O documento, de meados do ano passado, detalha todos os salários e gratificações do efetivo.
ASSUNTO TABU
O benefício do auxílio-moradia para policiais militares é definido por lei aprovada na década de 1980 e é atrelado ao soldo de cada agente: vai de R$ 779, no caso de soldados, até R$ 2.571 para coronéis. Oficiais ouvidos pelo GLOBO contam, entretanto, que não há fiscalização na distribuição do benefício: até comandantes de batalhão que moram em imóveis funcionais da corporação recebem auxílio-moradia.
— Esse assunto é um tabu dentro da PM. Já houve uma série de iniciativas no sentido de moralizar a distribuição do benefício, mas nunca prosperaram — afirma um policial ouvido pelo GLOBO.
Oficiais que mantêm o benefício, mesmo morando em imóveis da PM, argumentam que suas famílias ainda vivem em suas cidades de origem.Ao todo, a PM gastou mais de R$ 500 milhões ao longo de 2017 com o auxílio-moradia de toda a tropa. A quantia representa quase 10% de todo o orçamento da corporação, que chegou a R$ 5,5 bilhões no ano passado.
Fonte: Rafael Soares/O Globo
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