Confirmada em nota oficial da Procuradoria Geral da República, a revelação da existência de contas bancárias secretas de Eduardo Cunha e familiares dele na Suíça deixou o governo em estado de alerta. Em conversa com um parlamentar aliado, na noite desta quarta-feira, um auxiliar de Dilma Russeff revelou o motivo da tensão. Teme-se que as complicações penais convertam o presidente da Câmara num “franco-atirador”, capaz de usar o cargo para alvejar Dilma e sua administração.
Chegou ao Planalto informação segundo a qual Cunha costuma dizer, em privado, que não cairá sozinho. Nessa versão, o deputado se comporta como se fosse detentor de segredos sobre práticas que não autorizam personalidades do governo e da coligação governista a se considerarem diferentes dele. De resto, operadores políticos de Dilma farejam um acerto de Cunha com os partidos de oposição em torno da tramitação do pedido de impeachment assinado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior.
O governo espantou-se, de resto, com a naturalidade com que Cunha obstruiu nesta quarta-feira a apreciação dos vetos presidenciais que desarmaram as bombas fiscais que o Legislativo submeteria à sanção de Dilma. Cunha convocou sessão da Câmara para o mesmo horário em que Renan Calheiros planejava realizar a sessão conjunta do Congresso na qual deputados e senadores votariam os vetos. Fez isso porque ficou irritado com a recusa de Renan de incluir na pauta o veto de Dilma ao dispositivo legal que autorizara o financiamento empresarial das eleições.
Dissemina-se na Presidência da República a impressão de que Renan viu no agravamento do quadro judicial de Cunha uma oportunidade a ser aproveitada. Enquanto o mandachuva da Câmara administra suas adversidades com o fígado, o cacique do Senado, também investigado na Lava Jato, faz pose de gestor responsável, preocupado em exibir ao mercado sua utilidade. É como se Renan enxergasse a crise como um detergente para limpar prestígios. Algo que irrita Cunha.
A tensão do governo aumenta na proporção direta do aprofundamento das investigações contra Cunha. De acordo com a nota da Procuradoria da República, a Promotoria da Suíça remeteu para o Brasil a íntegra de um processo aberto conta Cunha em abril, por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro. A investigação passará a correr no Brasil, sob os cuidados do STF. A encrenca soma-se à denúncia já protocolada no Supremo contra Cunha por suposto recebimento de uma petropropina de US$ 5 milhões.
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Fonte: http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/
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